O avanço da pandemia do novo coronavírus e o fechamento de fábricas por todo o país já afetaram fortemente os resultados da indústria automotiva em março. Depois de duas semanas de forte atividade no mercado interno, que apontavam para um robusto crescimento, a paralisação gradativa do comércio e das fábricas na segunda quinzena do mês resultou em queda de quase 90% nas atividades do setor.
A maior apreensão da indústria passou a ser a projeção para o mês de abril. “O momento é de priorizar a saúde da população, e todas as nossas associadas estão dando sua contribuição no combate ao coronavírus, seja reparando respiradores, seja produzindo e doando máscaras, ou mesmo cedendo suas frotas para as mais diversas finalidades. Mas também é hora de uma conscientização de todas as esferas do governo, bancos e sociedade para criar mecanismos que permitam à cadeia automotiva atravessar esse período de retração com a preservação das empresas e dos empregos”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)
No mês passado, o setor registrou queda de 21% na produção de veículos no Brasil. Ao todo, foram produzidas 189.958 unidades, contra 240.763 no mesmo período de 2019. No acumulado deste ano, entre janeiro e março, a queda foi de 16%, segundo dados da Anfavea. Nos próximos meses, o cenário para o setor é preocupante. No fim de março, as montadoras anunciaram férias coletivas para seus funcionários e a General Motors (GM) propôs redução salarial de até 25% para os trabalhadores da fábrica de São José dos Campos, interior de São Paulo.
“Tivemos dois momentos bem distintos em março. Até o começo da segunda quinzena, as vendas estavam em alta, com crescimento de 9% no acumulado do ano, em relação a 2019. Mas o avanço da pandemia em nosso país foi provocando a interrupção das atividades nas fábricas e nas concessionárias, fazendo com que fechássemos o mês com queda de 8% no acumulado do ano”, justificou Moraes.
As vendas de veículos novos também caíram no mês de março. Segundo a associação, foram 17.165 unidades vendidas, contra 22.961 no mesmo período de 2019. As exportações também tiveram queda, na ordem de 25%: 30.772 veículos foram exportados, contra 39.018 em março do ano anterior.