A imposição de cotas pelos Estados Unidos para a importação de aço do Brasil deve reduzir as exportações para o mercado americano. Na comparação com 2017, haverá uma redução de 7,4% nas exportações de aço semiacabado, que representam 80% das vendas para aquele mercado. Para os produtos acabados, a queda será de 20% a 60%, dependendo do produto. No ano passado, as exportações de aço para os EUA renderam 2,5 bilhões de dólares (cerca de 8,8 bilhões de reais).
O Instituto Aço Brasil (IABr) divulgou nota ontem informando ‘não teve outra alternativa senão aceitar a imposição’ dos Estados Unidos de aplicar cotas para a importação do aço brasileiro. “Tal decisão deveu-se, em grande parte, à necessidade do setor manter nível das exportações que evite reduzir ainda mais o nível de utilização da capacidade de produção instalada no Brasil, hoje em 68%, tendo em vista a lenta retomada do mercado interno.”
A cota será dada pela média das exportações brasileiras para os Estados Unidos no período de 2015 a 2017. No caso dos produtos acabados, será aplicado ainda um redutor de 30% sobre a média. Esse redutor não será aplicado aos semiacabados, que são insumo para a indústria local. “Exportação continua sendo vital”, disse Marco Polo Mello Lopes, presidente do IABr.
Para o executivo, “o acordo não foi de todo ruim”, principalmente porque foi apresentado num formato “pegar ou largar”.
Na segunda-feira, os americanos, que vinham dialogando sobre a possibilidade de excluir o Brasil das sobretaxas ao aço e ao alumínio anunciadas em março, deram suas negociações com o Brasil por encerradas e colocaram sobre a mesa duas opções: cota ou sobretaxa de 25% sobre as vendas de aço e de 10% sobre as de alumínio.
Com base nisso, o presidente Donald Trump disse na noite de segunda-feira que havia um acordo “em princípio” com o Brasil e faltariam fechar os detalhes. O governo brasileiro negou. “Foi uma decisão unilateral, é bom deixar isso muito claro”, afirmou ontem o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge. O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse que os americanos não deixaram opção.
Acertos
Segundo o presidente do IABr, a proposta das cotas será aceita e a entidade discutirá com seus associados a distribuição dos volumes a serem exportados aos EUA. O sistema de cota é do tipo “duro” – ou seja, volumes acima da cota não poderão ser exportados, nem se pagarem a sobretaxa de 25%.
“Nós estamos pedindo que os EUA mantenham o volume das nossas exportações para o comércio americano”, disse Marcos Jorge. Uma hipótese seria alterar o critério de cálculo da cota, usando como base apenas o ano de 2017, já que em 2015 e 2016 as vendas foram menores. Esse foi o pedido apresentado pelo IABr, segundo Lopes. Ele acrescentou que haverá um sistema de monitoramento das exportações e que, dependendo, poderá haver algum tipo de ajuste. “Nossa visão é que faltará aço nos Estados Unidos.”
Alumínio
Embora o governo brasileiro tenha colocado numa nota conjunta dos Ministérios da Indústria e das Relações Exteriores que o setor de alumínio optou pela sobretaxa de 10%, a informação foi negada pelo presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Milton Rego. Ele afirmou que essa é uma opção menos ruim do que a cota. Mas, como o governo dos EUA deu um prazo adicional para concluir as negociações, ele prefere esperar.
Para o alumínio, os EUA ofereceram uma cota de 41.000 toneladas, correspondente à média exportada nos últimos cinco anos. No entanto, as exportações do ano passado somaram 55.000 toneladas. E o ritmo das vendas neste ano aponta para 60.000 toneladas. A cota oferecida pelos americanos não acomoda nem o que já foi contratado de exportações neste ano.