O que é pior: ser demitido ou sentir-se “rebaixado”, “encostado” ou “fritado” no ambiente de trabalho? Quem viveu a situação de ser afastado de um cargo e remanejado para uma posição mais coadjuvante narra momentos de muita angústia na vida profissional.
A designer Ana Rodrigues passou por isso logo em seu primeiro emprego. “Fui promovida para editora de arte e havia outra designer sob minha responsabilidade. Ela cometeu um erro, foi demitida, e eu fui rebaixada, me tornei novamente designer. Fiquei meio sem saber o que fazer, meu salário ainda era o mesmo, mas o clima ficou ruim”. A solução encontrada por ela foi sair o mais rapidamente possível. Um mês depois, conseguiu outro emprego. “Não estava preparada, não tinha experiência suficiente para reagir e reverter a situação”, acredita ela. Ana conta que passou muitos anos fugindo de cargos de chefia: “Não aceitava, não queria ser responsável por ninguém”.
É normal o profissional ficar desmotivado e perdido quando uma situação assim acontece. “O primeiro passo para mudar o cenário é tentar compreender o que aconteceu. Faça uma autoavaliação como profissional”, orienta José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching. Respirar fundo e procurar o chefe para uma conversa e ouvir feedbacks também é importante. “Com informações em mãos, avalie se você ainda tem alguma chance dentro dessa empresa, se é hora de procurar outro trabalho ou, ainda, pedir demissão imediatamente”.
No caso da Ana, a inexperiência dela provavelmente levou o gestor a tirá-la do cargo. No caso de uma ex-funcionária de uma seguradora que prefere não revelar o nome, foram conflitos por discordar de algumas práticas e processos da empresa que a levaram a ser afastada da coordenação de um time de quatro pessoas. “Fui mudada de lugar, isolada da equipe. Passei três meses indo para o escritório, mas não tinha o que fazer”, conta ela que, depois de três meses, foi dispensada.
Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half, empresa de recrutamento e seleção, diz que, quando se chega a um limite de “eu te amo, mas você não me ama” com o empregador, é hora de ir para o mercado. “Na entrevista, evite dizer que foi encostado ou que ninguém o entende no atual trabalho. Mencione que mudanças aconteceram, você se sente até certo ponto ocioso e gostaria de participar de forma mais expressiva dentro de uma organização”, sugere ele.