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Como o baixo crescimento econômico afeta a vida das pessoas

Desempregados e lojistas sentem na pele os efeitos do desaquecimento da economia: menos vagas, faturamento em queda

Por Pietra Carvalho
Atualizado em 31 ago 2018, 14h20 - Publicado em 31 ago 2018, 09h20
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  • A face mais cruel da estagnação econômica se traduz em desemprego, falta de oportunidades e consequente achatamento salarial. Números divulgados hoje pelo IBGE mostram que a economia está andando de lado, perto de zero. O avanço foi de apenas 0,2% no segundo trimestre do ano. Quando isso acontece, as empresas não investem, não abrem vagas. Sem emprego, as pessoas reduzem seus gastos. E, em um círculo vicioso, o comércio não vende, reduzindo a necessidade de produção da indústria.

    O paulistano Caio de Carvalho da Silva, 21, é um dos afetados por essa triste combinação. Ele deixou São Paulo há dois anos para tentar a sorte em Sorocaba. Lá ele trabalhou como protético, auxiliar de van e de marcenaria. Ele diz que ao ser demitido do último emprego decidiu estabelecer um foco e retomar os estudos. Agora ele quer fazer Educação Física e explica sua nova ambição: “Se eu ficar sempre trabalhando nessas empresas, aceitando qualquer coisa, nunca vou crescer. Trabalhar sempre por um salário mínimo não dá futuro”.

    A decisão representa um recomeço para Caio, que teve de voltar para a casa dos pais. O jovem comemora o apoio familiar — os pais voltaram a ajudá-lo financeiramente após ele ter se sustentado sozinho nos últimos anos.

    Caio diz que é muito mais difícil ser desempregado em São Paulo, onde o custo de vida é alto, do que em uma cidade do interior, como Sorocaba. Segundo ele, foi mais fácil se estabelecer lá do que aqui.

    PIB 2018 – Desemprego
    Caio voltou para São Paulo após ficar desempregado em Sorocaba (Gustavo Luizon/VEJA.com)
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    A passadeira Iuma Ferreira Alves, 52 anos, morou 19 anos em Boston, nos Estados Unidos. Ela precisou voltar há três anos para o Brasil, mas já se arrepende da decisão. Aqui, ela fez um curso de corte e escova para mudar de área profissional. Como não encontrou emprego nessa carreira, teve de voltar a atuar como passadeira em uma lavandeira. Com a crise, foi demitida da empresa. Seu marido também está desempregado e ambos se sustentam com bicos esporádicos. O sonho é voltar para os Estados Unidos. Como ela tem um filho de 19 anos nascido lá, espera conseguir um green card quando ele completar 21 anos.

    “Aqui as pessoas ganham 1.300 reais e não dá para quase nada. Lá, dá para ter uma certa tranquilidade com um mínimo.”

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    Iuma Regina Ferreira Alves: “Aqui as pessoas ganham 1.300 reais e não dá para quase nada. Lá (nos EUA), dá para ter uma certa tranquilidade com um mínimo.” (Gustavo Luizon/VEJA.com)

     

    Crise nos centros comercias

    A comerciante Helena Ha, 30 anos, tem uma loja de roupas na região do Bom Retiro, centro de São Paulo. Ela tem visto o movimento cair há algum tempo e por isso recorre a promoções, saldões no Instagram e foge dos conceitos de coleções de inverno e verão. Segundo ela, o comércio foi afetado neste ano por uma série de eventos que reduziram as vendas, como Copa do Mundo e férias, sendo o pior deles a greve dos caminhoneiros, deflagrada no fim de maio.

    Agora, ela acredita que a preocupação com as eleições também está afetando o movimento. “Até agora, não posso dizer que houve um mês bom.”

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    Flávia Sampaio, de 32 anos, gerente em uma loja de roupas de gala na região, diz que 2018 foi o pior em desempenhos de vendas dos últimos 5 anos. Ela vê com receio a aproximação das eleições e sente que isso se reflete também no comportamento dos clientes, que se tornaram mais cautelosos.

    Helena Há faz uma série de críticas à concorrência com ambulantes e Feirinha da Madrugada, que oferecem preços mais competitivos e cobram aluguéis menores do lojista. Mas ela se diz otimista em relação ao futuro e diz que isso é essencial para quem quer se manter no comércio.

    PIB 2018 – Desemprego
    Para Helena Ha, o comércio foi afetado neste ano por uma série de eventos que reduziram as vendas, como Copa do Mundo e férias, sendo o pior deles a greve dos caminhoneiros (Gustavo Luizon/VEJA.com)
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