O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,8% no primeiro trimestre de 2024, impulsionado especialmente pelos setores de comércio e serviços. O desempenho robusto desses setores, que juntos constituem uma parcela significativa do PIB, foi fundamental para o resultado positivo. Este desempenho é um sinal claro de recuperação e expansão, especialmente quando comparado aos períodos de contração ou crescimento lento que marcaram os últimos anos devido à pandemia de Covid-19 e às suas repercussões econômicas.
O setor de serviços, que sozinho representa cerca de 70% do PIB, registrou um crescimento de 1,4%. Dentro deste setor, o comércio destacou-se com uma expansão de 3,0%. A recuperação do comércio foi impulsionada por vários fatores, incluindo a melhoria do mercado de trabalho, que aumentou a renda disponível das famílias, e a diminuição das taxas de juros e de inflação, tornando o crédito mais acessível e incentivando o consumo.
Comparando com outros períodos, o crescimento do primeiro trimestre de 2024 é um indicativo de uma recuperação contínua e mais equilibrada da economia brasileira. Nos primeiros trimestres de 2022 e 2023, o crescimento foi impulsionado principalmente pela agropecuária, devido a safras recordes e condições climáticas favoráveis. No entanto, a atual expansão é mais diversificada, com um forte desempenho nos setores de comércio e serviços, que são mais diretamente influenciados pelo consumo doméstico e pelas condições do mercado de trabalho. “Observamos um bom momento da atividade econômica brasileira, que vem se beneficiando de um mercado de trabalho em pleno emprego, de uma massa salarial crescente e da inflação bem comportada. Além disso, temos monitorado o bom momento do crédito, uma retomada do setor industrial, impulsionada pela normalização dos estoques, e a permanência de alguns estímulos governamentais dado, inclusive, as eleições regionais”, avalia Igor Cadilhac, economista do PicPay.
Além do comércio, outros segmentos dentro dos serviços também contribuíram significativamente para o crescimento. O setor de informação e comunicação cresceu 2,1%, refletindo a crescente demanda por serviços tecnológicos e de comunicação em um mundo cada vez mais digital. As outras atividades de serviços, que incluem uma variedade de subsetores como turismo e lazer, cresceram 1,6%, beneficiadas pela recuperação econômica e pela maior confiança dos consumidores.
A expansão do comércio e dos serviços pode ser atribuída a uma série de fatores positivos no início de 2024. A continuidade dos programas governamentais de auxílio às famílias, como a antecipação dos pagamentos de precatórios e do 13º salário para beneficiários do INSS, proporcionou um impulso adicional ao consumo. Além disso, o reajuste dos benefícios vinculados ao salário mínimo aumentou o poder de compra das camadas mais vulneráveis da população.
A redução das taxas de juros também desempenhou um papel crucial. Com o custo do crédito mais baixo, tanto consumidores quanto empresas encontraram condições mais favoráveis para realizar compras e investimentos, estimulando ainda mais a atividade econômica nos setores de comércio e serviços. A melhora no mercado de trabalho, com mais empregos formais sendo criados, aumentou a massa salarial e, consequentemente, a demanda por bens e serviços. “Os riscos negativos residem nos efeitos finais da calamidade no Rio Grande do Sul e a perspectiva de um ciclo de corte de juros menor que o esperado anteriormente. Por ora, mantemos a nossa projeção de crescimento em 2,1%”, diz Cadilhac.
Apesar das incertezas trazidas por eventos adversos como as enchentes no Rio Grande do Sul, a expectativa é que a economia continue a se beneficiar da recuperação do mercado de trabalho, da manutenção de programas de apoio governamental e de condições favoráveis de crédito.