O Grupo Carrefour vai vender no Brasil ovos de galinhas livres de gaiolas. A rede varejista começou um projeto junto aos seus fornecedores para migrar o sistema de produção convencional, o de confinamento, para esse mais sustentável. O país é o único fora da Europa a adotar a prática. Por lá, o projeto foi implantado no fim de 2017. Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade do Carrefour Brasil, disse que a meta é de que até 2028 todos os ovos vendidos nas lojas por aqui sejam produzidos por esse sistema.
“Passamos por uma transição alimentar. Os consumidores querem saber de onde vem e como é produzido tudo o que consomem. Ele está mais exigente, e isso é um processo sem volta. Cada vez mais vamos ter de acompanhar e dar informações aos nossos clientes do que vendemos”, disse o executivo.
Pelo projeto, serão duas etapas a ser implantadas. Até 2025, todos os ovos das marcas próprias serão produzidos a partir deste sistema. Pianez disse que a empresa tem vinte fornecedores de ovos no Brasil e, por meio da medida, a companhia dará todo o suporte aos parceiros para que, em 2028, 100% dos ovos comercializados sejam provenientes do sistema livre de gaiolas.
“Daremos todo o suporte para o fornecedor mudar a sua produção, como informações técnicas do novo sistema. Além disso, vamos começar uma campanha junto ao nosso consumidor para apresentar e explicar essas mudanças. Acredito que nos próximos dez anos, os preços dos ovos livres de gaiolas estejam bem próximos aos produzidos pelo método tradicional. Os consumidores estão mais conscientes e a procura vai aumentar”, disse o executivo.
Segundo ele, hoje 96% dos ovos vendidos no Brasil seguem o método tradicional e os 4% restantes são orgânicos. “As galinhas sofrem muito stress quando estão confinadas. E estamos em um processo de mudar a nossa cultura e oferecer produtos livres de sofrimento animal e sistemas de produção que priorizem o meio ambiente. E não é somente em ovos que estamos implantando esse posicionamento. Já fizemos com a carne bovina e, agora, fizemos um acordo com a Seafood Watch, uma organização não governamental (ONG), para garantir as boas práticas de manejo na criação de pescados”, afirmou Pianez.
Na produção de pescados, o executivo ressaltou que o Grupo Carrefour vai realizar um diagnóstico para identificar quais são os impactos diretos e significativos na sua cadeia de fornecimento, sobretudo devido ao grande volume de peixe que é comercializado pela companhia todos os anos. De acordo com Pianez, esse projeto é semelhante à iniciativa com os ovos e prevê, também, o acompanhamento e suporte aos fornecedores, a fim de garantir o manejo correto e proteção da biodiversidade, e campanhas de comunicação junto aos clientes.
“Como varejista, temos a oportunidade de promover profundas mudanças nessa cadeia, incentivando a adoção de boas práticas de aquicultura e manejo, selecionando de forma consciente o sortimento de pescados ofertado ao consumidor e, consequentemente, auxiliando na recuperação e preservação de espécies”, destacou Pianez.
Para Ana Paula Tozzi, CEO da Consultoria AGR, o Carrefour está seguindo uma tendência mundial de oferecer produtos socialmente amigáveis em suas lojas. “A rede faz o que o mundo já está fazendo. É um caminho sem volta. O consumidor procura produtos mais naturais e menos industrializados. Outras companhias devem seguir o Carrefour”, disse Tozzi.