A Caixa prepara dois novos projetos para serem anunciados neste mês de setembro, revelou a presidente da instituição, Daniella Marques, a VEJA. O primeiro deles envolve a chegada com mais força de seus serviços a favelas, e outro trata da estruturação de projetos de parcerias público-privada em conjunto com o BNDES, como forma de estimular os investimentos no país. Segundo a nova comandante da Caixa, está em processo de finalização uma parceria com a Central Única de Favelas, a CUFA, para um projeto-piloto com o objetivo de avançar o empreendedorismo nas comunidades carentes.
O impacto pode ser especialmente forte no incentivo do empreendedorismo feminino, uma das principais bandeiras da nova gestão, segundo contou a executiva para as Páginas Amarelas.” Um dos três pilares da Caixa é a prevenção e o combate à violência contra mulher, e vemos a promoção do empreendedorismo feminino até como porta de saída do abuso. Também serve como alavanca de crescimento e de construção de renda das famílias, por meio de nossos produtos e serviços exclusivos para mulheres, reconhecendo a importância delas como esteio da família e como centro do poder econômico e de decisão de consumo de uma família”, afirmou. “Estamos em conversa bem avançada para lançar agora em setembro a parceria.”
A Cufa atua hoje em mais de 5.000 comunidades Brasil afora dentre as 14.000 favelas do país, onde vivem 17 milhões de pessoas, sendo 9 milhões de mulheres. “É como se fosse o quarto maior estado brasileiro, com atividade econômica de 180 bilhões de reais. É o verdadeiro capitalismo popular. Favela é potência, não é carência”, defende Marques. “Estou muito impressionada com o motor econômico que existe nas comunidades.” A iniciativa envolve embaixadores de produtos de crédito dentro dessas comunidades. “Esse projeto vai servir para a gente entender com mais profundidade, atuando com eles ali em todas as dimensões, desde a renegociação de dívida, orientação financeira, formalização, e mutirão de microcrédito. A Caixa quer entrar nesse meio, em parceria com a Cufa, falando o “favelês”, diz.
O projeto-piloto deve ser lançado agora, ainda na primeira quinzena de setembro, e é aderente ao programa Caixa pra Elas (de embaixadoras para ajudar as mulheres a combaterem abusos e terem independência financeira) e com o Mães de Favelas, um outro projeto-piloto parte de uma outra grande iniciativa, o programa chamado Caixa Empreendedor, para o qual o banco ainda está desenhando as ferramentas de risco e a tecnologia, para atuar no Brasil inteiro.
Já o projeto de PPPs deve ser direcionado principalmente a municípios. De 53 projetos que foram trazidos por prefeitos à Caixa, já há contratados 19 bilhões de reais em investimentos para o futuro. Ele também faz parte de um projeto maior. Já houve o lançamento de um programa interno, o Tem Caixa Pra Mais, e um dos pontos dessa iniciativa deve envolver um grande chamamento público em parceria com Programa de Parcerias para Investimentos (PPI) e o BNDES, para ampliar a atuação de projetos combinando a iniciativa público e a privada.
A fórmula seria a união do BNDES, atuando como um banco de atacado, o PPI, um centro de coordenação de projetos ligado ao próprio BNDES, e a Caixa ficaria responsável por operar e distribuir as PPPs por todo o Brasil. A ideia é iniciar a busca por projetos em três eixos, iluminação pública, resíduos sólidos e educação infantil. “Hoje, há mais de mil creches com obras paradas ainda no Brasil, o que me dá a certeza de que esse modelo de investimento exclusivamente público é esgotado e limitado”, diz a executiva. Segundo ela, pode haver um lançamento institucional da iniciativa no fim de setembro, com um edital e um chamamento público de projetos.