O Brasil é, de longe, o “campeão” mundial no tempo gastos pelas empresas na preparação de documentos para o pagamento de impostos e contribuições: 1.958 horas ao ano, seis vezes a média de 332 horas registrada nos países da América Latina e Caribe. Os dados são do relatório Doing Business, do Banco Mundial, sobre ambiente de negócios em todo o mundo, divulgado na última terça-feira.
Desde o levantamento de 2016, o Brasil conseguiu reduzir em 80 horas o tempo gasto na burocracia tributária. Mas a melhora foi insuficiente para tirar o país do último lugar. O segundo pior colocado nesse quesito é a Bolívia, com 1.025 horas anuais. Na Colômbia, são necessárias 239 horas e no Chile, 291. Nos países de alta renda integrantes da OCDE, a média é de 160,7 horas.
“A má qualidade no Doing Business significa duas coisas. Primeiro, desperdício e produtividade menor do que a que poderia ser alcançada, porque mão-de-obra e recursos materiais das empresas são usados em coisas que não agregam valor”, afirmou Otaviano Canuto, representante do Brasil no Banco Mundial. “Segundo, um ambiente de negócios ruim também desfavorece a competição. As empresas que já estão instaladas, que já jogam o custo de fazer negócio no Brasil no preço, têm condições de se defender em relação a desafiantes, a contestadores.”
Em relação ao ranking geral do ambiente de negócios, Brasil caiu duas posições indo de 123º para o 125º lugar. O levantamento considera os dados de 190 países, em onze quesitos. As melhores colocações do país nos tópicos do ranking são em relação à proteção de investidores minoritários (43º lugar) e em obtenção de eletricidade (45º). As piores são, além do pagamento de impostos (184º) – item no qual o tempo gasto é um dos dados analisados -, o processo de abertura de um novo negócio (176º).