O mercado de ações brasileiro vem perdendo recursos estrangeiros ao longo de 2024, fruto do nível elevado de juros em economias desenvolvidas, como os Estados Unidos. No entanto, quando o assunto é o mercado latino-americano, o Brasil ainda tem sua relevância: o país é o mais importante entre os ETFs da América Latina, segundo estudo do Bank of America (BofA).
ETF é a sigla para Exchange-Traded Fund, ou seja, um fundo que tem suas cotas negociadas em bolsa de valores e que replica o desempenho de um índice. O BofA mapeou 72 produtos locais ou estrangeiros focados em América Latina, com 22 bilhões de dólares em ativos sob gestão no agregado. E, na constatação do banco, os ETFs brasileiros são os mais relevantes geograficamente dentro desse grupo, com 48% do total de ativos sob gestão entre todos os ETFs de América Latina.
“A liquidez trazida por ETFs estrangeiros é substancial comparada ao volume de negócios por pessoas físicas. O volume para o EWZ (ETF mais líquido na América Latina e que segue o índice MSCI Brasil) é equivalente a 26% dos ativos agregados do MSCI Brasil”, afirma o BofA, na pesquisa. Commodities e instituições financeiras são os dois setores mais importantes no fundo.
Apesar da constatação, o BofA pondera que, após uma expansão abrupta o universo de ETFs nas últimas duas décadas, as entradas de recursos para ETFs brasileiros cessaram no último ano, provavelmente como reflexo do declínio no fluxo para emergentes em geral. As entradas de recursos para o México foram mais resilientes, mas apenas até as eleições de 2024.
Além disso, a pesquisa observa que o BOVA11, principal ETF local de ações do Brasil, é pequeno quando comparado ao grupo de fundos ativos — em ativos sob gestão, são 35 bilhões de reais para o primeiro ante 647 bilhões para o segundo, segundo o levantamento. Ambos pareciam atrair forte fluxo de investidores em 2018, mas essa tendência diminuiu nos últimos dois anos, conforme as ações passaram a cair, em resposta ao cenário de taxa de juros mais alta.
Ainda de acordo com o BofA, apesar do crescimento do mercado de ETFs, o mercado latino-americano de fundos passivos ainda é incipiente, o que pode ser atribuído à falta de diversificação local no mercado de ações e de índices. Os ETFs da América Latina também são pequenos em termos de ativos sob gestão quando comparados com outras regiões e índices de capitalização de mercado.