Um dia depois de a comissão especial da Câmara dos Deputados aprovar o texto-base do parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), da proposta de reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 5, que o texto tem equívocos e mal-entendidos, que serão corrigidos no Congresso.
“Tem equívoco, tem mal-entendido, às vezes se exagera. E com a sensibilidade que existe no Parlamento, isso vai ser corrigido. Não acabou a reforma da Previdência ainda. Mais ainda: depois da Câmara, tem o Senado. Se o Davi Alcolumbre (DEM-AP) [presidente do Senado] com seus líderes achar que algo mais deve ser mudado, isso pode alterar também. Eu pouco tenho o que fazer agora no tocante à Previdência”, afirmou o presidente.
Bolsonaro admitiu que “pouca coisa precisa ser mexida” no texto, mas evitou entrar em detalhes de quais mudanças poderiam ser feitas futuramente. “Como um todo, foi muito bom. Acho que pouca coisa tem que ser mexida. Não vou entrar em detalhe, está com o Parlamento essa questão. Qualquer posição vai ser de forma reservada com o Rodrigo Maia (DEM-RJ) [presidente da Câmara] e com os líderes partidários. O governo precisa fazer de tudo para que essa Previdência não morra. Reconhecemos especificidades de várias carreiras, mas todos têm que contribuir com alguma coisa”, disse o presidente, em evento na cidade de Brasília.
Em entrevista à rádio CBN, também nesta sexta-feira, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), disse que o governo ainda tentará emplacar regras mais brandas para policiais no texto da reforma, seja no texto do relator, seja via destaques. “Vamos tentar viabilizar acordo (para rever as regras ao profissionais de segurança pública), mas não podemos ser irresponsáveis a ponto de arriscar a aprovação da reforma”, afirmou ele.
Na comissão especial da reforma da Previdência, dois destaques relativos à flexibilização das regras para os profissionais de segurança pública foram rejeitados pelos parlamentares, com o PSL votando contra em ambos. Na saída da sessão, policiais voltaram a chamar de “traidor” o presidente Jair Bolsonaro e parlamentares de seu partido, por causa da votação.
O texto, agora, será encaminhado ao plenário da Casa, onde novos destaques poderão ser propostos e votados. Questões como a flexibilização das regras para os agentes de segurança pública e a inclusão de estados e municípios, que ficaram de fora do relatório após um acordo entre as lideranças, podem, portanto, ainda ser modificadas na Câmara.
Caso seja aprovado no plenário da Câmara, o texto vai para o Senado, onde ainda pode ser modificado. Caso isso aconteça, no entanto, a reforma volta para a Câmara já que as duas Casas devem obrigatoriamente votar o mesmo texto para que ele seja sancionado.
(Com Estadão Conteúdo)