Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Bolsonaro comemora recorde fiscal do Tesouro: “Fazendo o dever de casa”

Apesar de a alta da arrecadação estar inflada por receitas extraordinárias, superávit de 44 bilhões de reais revela força da estratégia da equipe econômica

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h40 - Publicado em 28 fev 2020, 13h46
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Parecendo ignorar o caos que a epidemia de coronavírus e a crise institucional que ele mesmo criou podem causar à economia brasileira, o presidente Jair Bolsonaro recorreu ao Twitter para comentar os resultados divulgados pelo Tesouro Nacional, na quinta-feira 27, de superávit primário em janeiro, de 44,1 bilhões de reais. Este é o maior valor já registrado na série histórica, desde 1997. De acordo com o governo, os bons resultados foram impulsionados pela maior arrecadação  — alta de 6,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O recorde pode até ser ilusório, mas mostra que o caminho que está sendo trilhado pela equipe econômica está correto. Com essa economia, pode se transformar num passeio no parque o longo percurso até que o governo feche 2020 com um déficit de 124 bilhões de reais. O futuro, incerto pelos dois fatores já mencionados, está mais desanuviado.

    Está claro que alguns fatores favoreceram o resultado. A redução ostensiva da taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central, o BC, permitiu a redução do montante que o governo tem para pagar em dívidas. O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, também reconheceu em entrevista ao jornal Valor Econômico que o resultado foi impulsionado por receitas extraordinárias. Além disso, o governo deixou de executar o orçamento de instituições públicas, como alguns ministérios. Bolsonaro não deu bola para isso e celebrou a conquista de sua equipe econômica. “Estamos fazendo o dever de casa e continuaremos”, comemorou o presidente nas redes.

    O resultado foi positivo, sim. Mas agora é hora de trabalhar. Como VEJA explicou em artigo publicado nesta quinta-feira, o governo põe em risco a agenda econômica com a belicosidade crescente de Bolsonaro, enquanto a inércia na apresentação das mudanças das regras para o funcionalismo e de simplificar o sistema tributário põe a tendência positiva em xeque. Os resultados, vale dizer, seriam muito mais virtuosos se o governo tivesse em caixa os bilhões excessivos gastos com funcionários públicos, tanto ativos quanto inativos, e liberar cifras astronômicas para investimentos públicos. A simplificação tributária, por sua vez, tem a possibilidade de atrair capital estrangeiro para as contas do governo, dada a complexidade da atual sopa de letrinhas. O Brasil precisa das reformas para arrumar suas contas. Mas o presidente põe tudo a perder. “O risco de crise institucional faz com que as expectativas de avanço sejam mantidas, mas nos mesmos e tímidos patamares. É como se estivéssemos em um degrau e nos mantivéssemos nele, sem alcançar patamares mais altos”, explica Gilberto Braga, economista do Ibmec. 

    Um exemplo da lentidão do governo é o quanto está conseguindo com a venda de ativos da União, as chamadas privatizações. A equipe econômica não conseguiu encampar nenhuma grande privatização até o momento. Resultado: as receitas obtidas com concessões somaram 470 milhões de reais no período, piores do que no ano passado, quando se embolsou 497 milhões de reais em janeiro. 

    Por essas e outras que a própria Secretaria do Tesouro reconheceu que a dívida pública vai aumentar nos próximos anos, quando deve alcançar 79,4% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2023, num aumento significativo do registrado no ano passado, de 75,8%. Em 2020, a dívida pública brasileira somará 77,9% do PIB, segundo projeções do Tesouro. Os resultados são, de fato, positivos, mas ainda não há nada a comemorar. É hora do presidente e sua equipe trabalharem e deixarem de lado as cabeçadas com o Congresso Nacional. E a própria apresentação do Tesouro crava: “O desafio do controle da despesa do governo central nos próximos anos dependerá da dinâmica de crescimento das despesas obrigatórias, em especial, gastos com previdência e despesas com pessoal”. Melhor, presidente, que seja rápido. 

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.