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Bolsa declina 29% em março, mas ganha 299 mil novos investidores

Mesmo em cenário de aversão, o mercado de ações brasileiro se sobressai e recebe quase 300 mil novos investidores em março; taxa de juros baixa influenciou

Por Felipe Mendes Atualizado em 16 abr 2020, 20h18 - Publicado em 16 abr 2020, 17h23
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  • A escalada de números do novo coronavírus (Covid-19) no cenário mundial injetou incerteza na economia e fez com que diversos mercados acionários declinassem mundo afora. Só no Brasil, o Ibovespa, principal indicador das ações de empresas negociadas na B3, sucumbiu 29,9% em março, o pior desempenho para um mês desde agosto de 1998. Desde janeiro, inclusive, a queda tem sido catastrófica: 31,83%. Mas o clima de volatilidade não assustou os investidores brasileiros. Muito pelo contrário. Em março, o Ibovespa captou 298.871 novas pessoas.

    A aposta parece insólita num primeiro instante, já que não há garantias de retorno positivo para quem está embarcando neste terreno irregular. Porém, é nos piores momentos que muitos investidores se sobressaem. Como os papéis de diversas empresas de capital aberto foram pulverizados no último mês, os valores atuais encontram-se em patamares atrativos. Outro fator também é relevante para este aumento no número de investidores: como a taxa básica de juros, a Selic, encontra-se na mínima histórica, a 3,75% ao ano, guardar dinheiro na poupança ou investir em renda fixa pode ser frustrante para aqueles que vislumbram um retorno rápido.

    “A maior parte das pessoas físicas no Brasil se acostumaram com uma taxa de juros altíssima. Com o cenário atual, parte dessas pessoas estão fazendo uma mudança estrutural de carteira, investindo mais em ações de empresas de capital aberto. E o mês de março, com a perda da Bolsa, pode ter se mostrado uma boa oportunidade para isso”, diz Glauco Legat, analista-chefe da corretora Nécton.

    Com a inserção de novos investidores em março, o Ibovespa chegou a um total de 2,27 milhões de CPFs e CNPJs cadastrados – quantidade formada por 2,24 milhões de pessoas físicas e 28.811 pessoas jurídicas. Um ótimo número conquistado no pior desempenho para um mês em 22 anos. Mas não se engane. Por mais que os números cresçam vigorosamente, ressalta-se que ainda não pode se dizer que investir na Bolsa virou um hábito para o brasileiro. “Quando olhamos para países mais desenvolvidos, vimos que temos uma penetração baixa de pessoas na Bolsa como um todo. Esses 2,2 milhões de investidores ainda não chegam a 1% da população do país”, corrobora Legat.

    Este mês, o Ibovespa, que chegou a registrar mínima próxima a 60.000 pontos, ascende, com uma valorização de 9,7%, para 78.000 pontos. Para Pablo Spyer, diretor de operações da corretora Mirae Asset, ainda é cedo para dizer que o pior já passou, mas o momento mostra-se oportuno para quem quer se aventurar no mercado acionário do país. “Eu acho que este é o momento de entrar no mercado. O brasileiro está bem mais instruído hoje do que em outras épocas”, diz. “O segredo é procurar investir em empresas que vão viver no longo prazo. O preço da ação não representa o valor da empresa. A ação oscila o tempo todo… É óbvio que existe uma queda de valor das companhias abertas neste momento, mas algumas estão aproveitando essa fase para aprimorar processos e estão registrando, em alguns casos, o dobro de vendas no canal virtual”, afirma.

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