Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central mantiveram estável a projeção da inflação para 2023. Foi a primeira vez após 11 semanas, que os economistas ouvidos pelo Boletim Focus não aumentam as projeções da inflação. Desde antes da virada para 2023, o mercado vinha apontando pressão inflacionária para este ano. Segundo o relatório divulgado nesta segunda-feira, 6, a projeção é que o IPCA encerre 2023 em 5,90%. Apesar da sequência interrompida, a taxa segue bem acima do limite da meta, de 4,75%.
A estabilização da projeção do IPCA acontece após o governo ter reonerado parcialmente os combustíveis, numa vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a ala política do governo que era contra o aumento, como mostra reportagem de VEJA esta semana. A reoneração dos impostos deve ter um impacto na inflação, algo que já havia sido precificado pelo mercado. Porém, ao manter a decisão em reonerar os combustíveis, Haddad deu um importante sinal sobre sua preocupação com a diminuição no rombo das contas públicas, algo desejado pelos agentes financeiros. Os 28,8 bilhões de reais de impacto dos combustíveis na arrecadação estão na conta do pacote do Minsitério da Fazenda para tentar diminuir o déficit deste ano, calculado em 231 bilhões de reais.
N0 relatório, o mercado também manteve estável a projeção inflacionária para 2024 (4,02%) e 2025 (3,80%), assim como as estimativas para a taxa básica de juros para este ano e os próximos. Segundo o Focus, os analistas esperam que a Selic encerre 2023 em 12,75%, um ponto abaixo do vigente atualmente, em 13,75%. A diminuição das taxas de juros é uma das prioridades do governo Lula, que motivou inclusive ataques do presidente em direção ao BC. Nas últimas semanas, ao fazer acenos para a responsabilidade fiscal, Haddad espera resultado nas próximas reuniões do Copom. O ministro da Fazenda sinalizou inclusive que deve mandar o projeto de um novo arcabouço fiscal, substituto do teto de gastos, antes da próxima reunião do Copom, que ocorre nos dias 21 e 22 de março.
Crescimento
A única das projeções que foi revisada pelo mercado no Focus desta semana, foi o PIB. Segundo os analistas, a economia brasileira deve avançar 0,85% neste ano, ligeiramente acima do projetado na semana passada, de 0,84%. Com as taxas de juros elevadas, inflação pressionada e desaceleração global, a economia brasileira deve crescer bem menos que no ano passado, segundo os analistas. Em 2022, o PIB foi de 2,9%.