A tendência de indicação de Henrique Meirelles em um eventual governo Lula, publicada em primeira mão pela coluna Radar Econômico, deixou o mercado animado. O Ibovespa atingiu o pico do dia, alcançando os 110 mil pontos, uma alta superior a 2%, cerca de uma hora após a divulgação da notícia, repercutindo o otimismo com o nome.
A escalada do dólar que preocupou as principais economias nos últimos dias, em especial, nos países emergentes como o Brasil, foi revertida em relação ao real. O dólar bateu a mínima do dia, cotado a 5,32 reais. Por volta de 15h40, a moeda americana baixava 0,50%, cotada a 5,37 reais. Os juros futuros de longo prazo, que quando sobem indicam um cenário ruim para a economia, também despencaram. Os contratos DI para janeiro de 2027 caíram 11,675% para 11,540%. “O mercado recebeu com relativo otimismo a probabilidade, já refletindo nos principais índices”, diz Étore Sanchez, economista-chefe e sócio da Ativa Investimentos.
Meirelles foi o criador do teto de gastos, instrumento instaurado em 2017 que funciona como uma âncora fiscal para limitar os gastos públicos e ajudar até no controle da inflação, mas que vem sendo criticado e duramente combatido por Lula. Assim, a escolha de Meirelles sinaliza ao mercado que o petista, embora discorde do instrumento, terá uma política de responsabilidade fiscal. O estouro do teto de gatos no governo Bolsonaro gerou uma crise fiscal e de credibilidade que aprofundaram ainda mais a crise vivenciada no país, pelos efeitos econômicos da pandemia. “A maior preocupação do mercado é com o arcabouço fiscal, que é onde mora a grande incerteza. Assusta o mercado o discurso do Lula de mudar a lei do teto de gastos, que foi uma conquista muito importante. Mas o nome do Meirelles como possível ministro da Fazenda alivia bastante esse sentimento”, diz uma fonte do mercado financeiro que preferiu não se identificar. Ela ressalta que o próximo ano vai exigir mais que uma figura responsável fiscalmente, “vai ser necessário muito traquejo político para articular as propostas no Congresso”.
Para outro agente do mercado que também preferiu não se identificar, o nome sugere alguma previsibilidade de como será o eventual governo. “Toda a informação que o mercado recebe que diminui a incerteza é positiva”, diz. Ainda assim, segundo a fonte, ter um candidato que ocupa o primeiro lugar nas pesquisas sem sinalizações dos rumos econômicos, é muito ruim. “O mercado espera mais informações”, diz.