O Partido dos Trabalhadores (PT) moveu uma ação popular na Justiça Federal de Brasília para paralisar a privatização da Eletrobras, a estatal do setor elétrico. Um documento entregue por membros do partido na Câmara dos Deputados levou em consideração a divergência aberta pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, que apontou uma subavaliação de 46 bilhões de reais no valor da empresa. O partido quer, com isso, que o órgão reavalie o processo e reajuste o valor pela companhia.
Segundo o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT-RS), o governo não levou em consideração o potencial total de produção de energia pela estatal. “Fizeram uma análise só do potencial atual de produção de energia, mas não consideraram o potencial que existe dos espaços de reservas de água. Existe todo uma estrutura que não está avaliada”, diz ele, que é líder da legenda na Câmara. “O Estado estará recebendo aquém por uma estrutura que tem um potencial muito maior, que custa muito mais. Vai vender abaixo do preço real.”
Gass diz, ainda, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estaria chantageando ministros do TCU para que o órgão dê celeridade à venda da Eletrobras. “O Paulo Guedes e membros do Ministério da Economia estão pressionando os ministros do TCU para que eles tomem uma decisão rápida, inclusive chantageando para tomar essa decisão. Eu não sei qual é o interesse do governo atrás disso, mas ele quer privatizá-la a qualquer custo”, reitera. “Nós estamos usando isso como um recurso para dificultar a venda que o governo está querendo fazer. Estamos usando todos os meios possíveis para tentar impedir que o país se desfaça da Eletrobras, ainda mais com um preço abaixo do que ela vale.”
Na semana passada, a acusação sobre o imbróglio no TCU partiu de Guedes. Segundo o ministro da Economia, o ex-presidente Lula está pressionando o tribunal contra a venda. “Um candidato, em vez de fazer o seu programa e enfrentar o nosso presidente nas urnas, esse candidato fica ligando para ministro do TCU pressionando e tentando paralisar uma pauta [privatização da Eletrobras] aprovada pelo Congresso”, afirmou.
A aposta do PT é que a ação seja acatada e que isso retarde a privatização da estatal. Com isso, o partido apostará na paralisação das pautas perante o período eleitoral para ganhar tempo e, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja reeleito, reverter o processo futuramente. “Nós estamos perto do período eleitoral. Tirando o [presidente Jair] Bolsonaro do poder, vamos impedir essa venda. Mas, enquanto ele está no governo, ele quer vender”, disserta. “O que nós pedimos em situação liminar é que o TCU suspenda o trâmite desta venda a este preço. Nós temos pressa para isso. Estamos nos desfazendo de um bem da população brasileira, que deveria ajudar para o desenvolvimento do país, abaixo de seu real valor. No fim, quem vai pagar essa conta é o contribuinte que terá os serviços elétricos onerados.”