Da ficção para a realidade. A história do filme “Perdido em Marte” está sendo reproduzida na vida real, mais especificamente na Bélgica. Em vez do cultivo da batata que garantiu suprimento ao astronauta Mark Watney na ficção, a experiência belga se trata de garantir um cereal centenário utilizado em diversas aplicações culinárias: o trigo. A ideia é fornecer o pãozinho e seus derivados para os futuros habitantes do planeta vermelho.
A proposta está sendo testada e desenvolvida pela multinacional belga Puratos, atuante na produção e venda de ingredientes para os setores de panificação, confeitaria e chocolate. Há um ano, a empresa testa o cultivo e a fermentação do pão em containers que reproduzem as condições climáticas de Marte. O ambiente simulado também conta com a ajuda da tecnologia, com nanodrones que desempenham o papel das abelhas e uso de energia artificial para simular as condições da terra.
Por enquanto, a empresa ainda não conseguiu tirar um ‘paõzinho’ do forno, mas o experimento também pode ajudar no desenvolvimento de técnicas mais sustentáveis para o cultivo do trigo no planeta Terra. “As condições em Marte são bastante inóspitas e a água é muito escassa, então estamos buscando fazer esse cultivo com uma parcela ínfima de água”, diz Flavio Momesso, CEO da Puratos Brasil. O programa busca uma redução de 5% da quantidade de água utilizada atualmente para o cultivo do trigo e fermentação do pão. Além da redução da água, o projeto visa a utilizar menos fertilizantes e otimizar o espaço de plantação.
Com investimento da ordem de 7 bilhões de euros, o projeto nomeado “Space Bakery”, conta com o apoio do governo belga e outras seis grandes instituições: Urban Crop Solutions, Magics Instruments, SCK-CEN, Ghent University, The University of Hasselt e Flanders Food. Por enquanto, o objetivo é tentar tornar a produção de pão viável em Marte, mas o experimento busca expandir o teste para a confeitaria e produção de chocolates. “É um projeto muito ambicioso, mas estamos nos antecipando a este movimento e pensando nas gerações futuras, como também em manter uma cultura de panificação de menor impacto para o planeta”, diz Momesso. Marte em breve poderá ter uma padaria completa.