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Viola Davis expõe racismo de diretor: ‘Me chamava pelo nome da empregada’

No Festival de Cannes 2022, atriz premiada relembrou preconceito e lamentou falta de representatividade na TV

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 Maio 2022, 13h29

Viola Davis expôs o racismo que sofreu de um diretor em seu passado. No Festival de Cannes 2022, a atriz premiada relembrou o episódio em que havia sido chamada pelo nome da empregada do agressor e lamentou a persistente falta de representatividade negra na TV, sintomas que escancaram a percepção de Hollywood sobre artistas negros.

“Tive um diretor que fez isso [racismo] comigo. Ele disse: ‘Louise” Eu o conhecia há 10 anos e ele me chamava de Louise e descobri que é porque o nome de da empregada dele é Louise”, contou Davis em entrevista à Variety no evento de cinema. “Eu tinha cerca de 30 anos na época, então foi há algum tempo. Mas o que você precisa perceber é que essas microagressões acontecem o tempo todo”, completou a estrela atualmente com 56.

Vencedora de um prêmio Emmy por sua atuação em How to Get Away with Murder, Viola explicou que a cor de sua pele é levada em consideração na escalação de obras, algo que limita a quantidade de papéis oferecidos a ela. A série de sucesso, inclusive, não contribuiu para o aumento de pessoas negras em posições de destaque nas produções.

“Sei que desde quando saí de How to Get Away With Murder não vejo muitas mulheres de pele escura em papéis principais na TV e nem mesmo em serviços de streaming. E isso se liga à ideologia, ao éthos e à mentalidade, e isso está falando em abstrato. Por que você não está contratando uma mulher de pele escura quando ela entra na sala e você diz que ela te surpreende? Crie espaço e narrativa para ela, para que, quando ela prosperar, não prospere apesar de sua circunstância, mas prospere por causa de sua circunstância”, explanou a atriz.

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Davis fez questão de enfatizar como as oportunidades nos estúdios de Hollywood ainda são limitadas. Por meio de sua produtora JuVee Productions, fundada com Julius Tennon, marido dela, Viola Davis está tentando expandir o escopo das histórias contadas pela grande indústria cinematográfica.

“Se eu quisesse interpretar uma mãe cuja família mora em um bairro de baixa renda e meu filho era membro de uma gangue que morreu em um carro, eu poderia fazer isso. Se eu interpretasse uma mulher que estava procurando se reinventar voando para Nice [França] e dormindo com cinco homens aos 56 anos – se parecendo comigo –, eu vou ter dificuldade em concretizar isso, mesmo como Viola Davis”, exemplificou.

A estrela também lamentou ter sido rejeitada por preconceitos raciais, por Hollywood não achá-la bonita o suficiente: “Isso parte meu coração e me deixa com raiva. Muito disso é baseado na raça. Realmente é. Sejamos honestos. Se eu tivesse as mesmas características e fosse cinco tons mais clara, seria um pouco diferente. E se eu tivesse cabelos loiros, olhos azuis e até nariz largo, seria um pouco diferente do que é agora. Poderíamos falar sobre colorismo, poderíamos falar sobre raça. Isso me irrita e partiu meu coração – em vários projetos, que não vou citar”.

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