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‘Viajar no tempo vai ser possível’, diz criador da série ‘Dark’

Casal Baran bo Odar e Jantje Friese fala sobre as inspirações do seriado da Netflix e as comparações com ‘Stranger Things’

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 dez 2017, 19h01 - Publicado em 8 dez 2017, 17h16

Dark nem tinha sido lançada quando suas primeiras imagens e trailers levaram críticos, jornalistas e público a comparar a primeira série original alemã da Netflix a uma das produções mais comentadas do serviço de streaming dos últimos tempos, Stranger Things. O casal de criadores de Dark, Baran bo Odar e Jantje Friese, admite que o material de divulgação dá a sensação de que uma foi inspirada pela outra, mas garante que os dois seriados são bem diferentes. “Fizemos uma série sombria de ficção científica da Alemanha, e eles (os irmãos Duffer) criaram uma série de terror que tem muito mais uma nostalgia dos anos 1980 do que a nossa”, diz a VEJA Bo Odar, que dirige todos os dez episódios de Dark, disponível na Netflix desde o último dia 1º.

O seriado começa com a população de uma pequena cidade alemã à procura de um adolescente desaparecido. Poucas semanas depois, outra criança some, desenhando um cenário muito similar ao da mesma cidade no ano de 1986. Aos poucos, o jovem Jonas Kahnwald (Louis Hofmann), um dos protagonistas, descobre uma intrincada trama que se passa na cidade envolvendo viagens no tempo. “Sempre fui fascinada pelo tempo, e questões como o que o tempo significa, o que é o universo, o que é tudo isso, de onde viemos”, diz a roteirista Jantje Friese. Questionado sobre a possibilidade de se viajar no tempo um dia, o diretor é categórico.:“Viagem no tempo definitivamente será possível um dia, sim”.

Confira a entrevista:

 

Dark está sendo comparada a Stranger Things. O que pensam dessa comparação?

Baran bo Odar: É normal, especialmente se você vir o trailer. Mas quando você assiste à série, entende que nós não fizemos Stranger Things, nós já estávamos no meio da produção de Dark quando ela foi lançada. Percebemos que os irmãos Duffer (criadores de Stranger Things) têm uma idade parecida com a nossa e todos fomos influenciados pelos anos 1980, porque fomos crianças nessa época. Uma nova geração (de produtores) está vindo agora, e foi influenciada pelas mesmas coisas. Mas fizemos uma série sombria de ficção científica da Alemanha, e eles criaram uma série de terror que tem muito mais uma nostalgia dos anos 1980 do que a nossa.

Acham que fãs de Stranger Things vão gostar também de Dark?

Jantje Friese: Eu acho que muitas pessoas que apreciam esse universo de uma pequena cidade onde acontece um crime misterioso vão gostar de Dark. Mas outras vão ver essa comparação com Stranger Things e vir procurar certas coisas em Dark que podem não encontrar.

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Baran bo Odar: Eles vão encontrar algo diferente, e espero que eles se sintam intrigados com a ideia de viagem no tempo.

O diretor Baran bo Odar e a roteirista Jantje Friese
O diretor Baran bo Odar e a roteirista Jantje Friese (Andreas Rentz/Netflix)

Como tiveram a ideia para Dark?

Baran bo Odar: A Netflix anunciou para vários produtores que estavam querendo lançar a primeira série original da Alemanha. Eles viram o nosso filme Invasores: Nenhum Sistema Está Salvo (2014), que fez muito sucesso, gostaram e perguntaram se nós estávamos interessados em fazer uma série sobre isso, adaptando o filme. Mas nós não gostamos de nos repetir, então negamos. Eles nos perguntaram, então, se tínhamos outra ideia. Encontramos ideias antigas que tínhamos para uma série sobre a resolução de um crime e para um filme sobre viagem no tempo. Unimos as duas coisas e nos apaixonamos por essa ideia de criar um universo formado por quatro famílias, construir um drama familiar e mostrar todos esses personagens em diferentes fases da vida.

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Quais são as influências de Dark?

Baran bo Odar: A obra de Stephen King, definitivamente. Mas também Twin Peaks – como disse, nós somos dos anos 1980 e quando a série saiu na Alemanha na década de 90 percebemos que finalmente alguém tinha feito uma coisa bem obscura. Foi nossa maior influência. Também o fotógrafo Gregory Crewdson, que fez fotos lindas, assustadoras do subúrbio americano, influenciou toda a série.

Jantje Friese: Os filósofos alemães também tiveram participação. Há muitas ideias de Nietzsche e Schopenhauer que foram o ponto de partida para que a gente começasse a pensar sobre viagem no tempo.

Quando vocês começaram a se interessar pelo tema viagem no tempo?

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Jantje Friese: Sempre pensei nisso, mesmo quando criança. Tinha sonhos recorrentes de voltar no tempo quando era bem nova. Claro que ver De Volta para o Futuro também fez crescer meu interesse pelo tema (risos). Eu sempre fui fascinada pelo tempo, e questões como o que o tempo significa, o que é o universo, o que é tudo isso, de onde viemos.

Baran bo Odar: A questão o que é o começo e o que é o fim também nos influenciou – ou ao menos pensamos muito sobre isso. A pergunta que gostamos de fazer é o que veio primeiro, a galinha ou o ovo. Se você começa a pensar sobre isso, nunca chega a uma conclusão. Isso te deixa louco e gostamos de coisas que nos deixam loucos porque isso faz com que fiquemos constantemente pensando.

Será possível viajar no tempo um dia?

Baran bo Odar: Definitivamente. Se você perguntasse às pessoas 600 ou 700 anos atrás se seria possível voar um dia, elas dariam risada e diriam que não, de jeito algum. O corpo humano talvez não consiga se mover pelo tempo, mas viagem no tempo definitivamente será possível um dia, sim.

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Jantje Friese: É uma pergunta difícil de responder porque para isso precisaríamos saber o que é esse mundo, e se o que estamos vivendo agora é realmente a realidade. Estou questionando tudo isso e o tempo. Então não posso responder, acho que precisamos descobrir muitas outras coisas antes.

Os personagens enfrentam problemas causados pela viagem no tempo e outros por causa de seus relacionamentos uns com os outros – muitos mentem, outros traem suas esposas etc. O que é mais difícil de resolver?

Jantje Friese: Definitivamente os relacionamentos entre os personagens. Porque isso diz respeito ao comportamento humano. Sentimos que a série é muito humanística, porque estamos tentando mostrar um microcosmo em que as pessoas machucam umas às outras o tempo todo. Elas precisam quebrar esse ciclo, uma pessoa precisa simplesmente parar. É como um vírus que está se espalhando. Mudar o comportamento humano e como nós machucamos uns aos outros é definitivamente o maior problema para os personagens.

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A série termina com um gancho. Há conversas sobre uma segunda temporada?

Jantje Friese: Quando começamos, tivemos algumas ideias para onde levar a série e os personagens se continuarmos, mas no momento estamos nos concentrando em como a série vai ser recebida no mundo e se as pessoas estão interessadas na série. Não está nas nossas mãos a decisão de continuar, mas já temos ideias sobre onde queremos chegar se fizermos uma segunda temporada.

Dark é a primeira série original alemã da Netflix. Qual a importância da série para a televisão alemã, considerando que ela vai ser distribuída em 190 países?

Baran bo Odar: É muito importante, todos estão falando sobre essa série na Alemanha, porque é uma das poucas coisas que vai viajar o mundo. Estão todos muito ansiosos e esperando que o resto do mundo se interesse por algo que é da Alemanha (risos). Por outro lado, estamos sob muita pressão. Mas estamos muito orgulhosos, já que centenas de milhões de pessoas poderão ver Dark – isso não significa que elas verão, mas só de saber que elas terão a possibilidade de ver é assustador.

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