Tom Hardy faz o que pode por Venom. O ator britânico entrega todo seu charme e músculos ao vilão famoso nas HQs do Homem-Aranha, mas o esforço não é suficiente para fazer do filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira uma produção à altura da conhecida qualidade Marvel. O longa é, no máximo, uma boa sessão testosterona, com monstros asquerosos, cenas de lutas elaboradas e uma perseguição de carros a uma moto em alta velocidade no meio da cidade. Mas falta ali uma boa dose de imaginação. Sem falar na constante dúvida: é pra rir ou ter medo de Venom? Difícil saber.
Hardy interpreta Eddie Brock, um jornalista investigativo que perde o emprego, a noiva (Michelle Williams) e a reputação ao tentar expor o empresário zilionário Carlton Drake (Riz Ahmed) – personagem que é uma clara referência a Elon Musk. Drake é especialista em ocultar alguns crimes em experimentos questionáveis. Entre eles, o magnata de 20 e poucos anos decide testar em mendigos uma forma de vida alienígena coletada por seu time em um asteroide. O ser sem forma precisa de um corpo para coabitar. Na maioria das vezes, contudo, ele mata seu hospedeiro, de forma rápida ou ao longo de dias.
Um desses “parasitas” encontra em Brock um lar perfeito para passar um bom tempo. Enquanto isso, o monstrengo, que se apresenta como Venom, dá ao personagem superforça entre outros poderes letais para quem tenta pará-lo. Os dois desenvolvem, pode-se dizer, uma espécie de amizade ao longo da trama, com direito a vozes na mente de Brock. A dupla trava diálogos que causam risadas propositais, no velho esquema Marvel de roteiro engraçadão. Outras conversas, contudo, que não deveriam ser engraçadas, fazem rir por seu elevado nível na escala da vergonha alheia.
Venom faz parte do complicado acordo da Sony, que detém os direitos do Homem-Aranha, mas emprestou recentemente seu personagem aracnídeo para a Disney, que conduz o universo Marvel oficial nos cinemas. Sendo assim, o vilão não entra na linha do tempo dos colegas Vingadores. E dependendo da recepção nos Estados Unidos, talvez ele acabe esquecido pelo estúdio em futuros filmes do herói adolescente.
Vale lembrar que o longa é mais uma tentativa frustrada hollywoodiana de explorar os vilões dos super-heróis. Antes, Esquadrão Suicida da DC Comics somou críticas negativas. Apesar dos pesares, o filão promete continuar tentando. Outros antagonistas do Homem-Aranha já estão encaminhados para ganhar um filme próprio, caso de Kraven – O Caçador, a dupla Gata Negra e Sabre de Prata, e o vampiresco Morbius, que será interpretado por Jared Leto (que também já foi Coringa). O malvadão da DC Comics, aliás, em breve chega aos cinemas com um filme solo, com Joaquin Phoenix na pele do palhaço que odeia o Batman. Não faltará espaço para os bad boys (e girls) no cinema. Só falta algum estúdio acertar a mão.