Quando o assunto é representatividade, não se fala apenas nas semelhanças e diferenças entre negros e brancos, orientais e ocidentais, homens e mulheres. Há um espectro enorme de variações dentro de cada uma dessas categorias e o público tem estado cada vez mais atento às generalizações que a indústria do entretenimento faz. É por isso que a escolha de Taís Araújo para o papel de Joana D’Arc Félix incomodou tanto.
Araújo atua como produtora e estava escalada para o papel principal na cinebiografia da cientista brasileira, que nasceu no interior de São Paulo, filha de doméstica, foi estudar química em Harvard, nos Estados Unidos, e ganhou o prêmio Kurt Politzer de Tecnologia. O ‘problema’ é que Félix tem a pele bem mais escura que a de Araújo e a comunidade negra não se sentiu representada.
Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz contou que decidiu abrir mão da personagem por ter concordado com as críticas. “Pensei: como uma pessoa que trabalha com isso, como eu, não estava alerta? Eles estão absolutamente certos”.
Taís ainda apontou a importância da inclusão de “todo mundo” (referindo-se a todos os tons de pele) no mercado audiovisual, e admitiu o erro. “Estamos trilhando um caminho novo, não existe um mapa. Então, às vezes a gente erra, faz parte do percurso. Não há problema em errar, o importante é reconhecer o erro e voltar atrás”.
O filme, ainda sem nome, será dirigido por Alê Braga e terá roteiro de Álvaro Campos. Segundo a atriz, novos testes serão feitos para escolher a protagonista.