Salman Rushdie é extubado; suspeito é indiciado por tentativa de homicídio
Homem de 24 anos seria simpático ao extremismo xiita, alvo de críticas do autor anglo-indiano que foi esfaqueado nesta sexta
Hadi Matar, homem suspeito de esfaquear o autor anglo-indiano Salman Rushdie na última sexta-feira, 12, foi indiciado por tentativa de homicídio e está detido, sem possibilidade de fiança, de acordo com a promotoria do condado de Chautauqua, no estado de Nova York. Segundo o colega e escritor Aatish Taseer, o autor de Versos Satânicos e vencedor do prêmio Booker Filhos da Meia-Noite apresentou um quadro de melhora e foi extubado, não precisando mais da ajuda de aparelhos para respirar. O agente de Rushdie, Andrew Wylie, confirmou a informação à agência Associated Press.
O suspeito do atentado tem 24 anos e é morador de Fairview, no estado de Nova Jersey. Ele já acumula uma denúncia de agressão em segundo grau, segundo informações do promotor local, Jason Schmidt, divulgadas em comunicado. Matar, no entanto, se declarou inocente no caso Rushdie em uma audiência no tribunal neste sábado 13, disse o advogado Nathaniel Barone à agência de notícias Reuters.
Salman Rushdie, que tem 75 anos, foi atacado no interior do estado de Nova York quando estava prestes a dar uma palestra num centro educacional sem fins lucrativos. O escritor caiu no chão após ser esfaqueado e o agressor foi contido por testemunhas. Momentos depois, a polícia de Nova York confirmou que ele foi esfaqueado no pescoço, e em seguida foi submetido a uma cirurgia de emergência.
O autor é jurado de morte pelo Irã por ter escrito o livro Os Versos Satânicos. A obra é proibida no Irã desde 1989, pois muitos muçulmanos a consideram uma blasfêmia. Naquele ano, o então líder do Irã, Ruhollah Khomeini, emitiu uma fatwa, um decreto pedindo a morte de Salman Rushdie. Houve também a oferta de recompensa de 3 milhões de dólares para quem matasse Rushdie.
Conforme divulgado pela NBC de Nova York, uma análise preliminar das redes sociais de Matar por parte das autoridades policiais mostrou que ele era simpático ao extremismo xiita e ao Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, conhecido popularmente como Guarda Revolucionária Iraniana.