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Sucesso do teatro, ‘Hermanoteu na Terra de Godah’ vira filme

Ator e roteirista fala a VEJA sobre a produção: 'Não fazemos piada com o divino, mas com a relação que as pessoas têm com a religião'

Por Gabriela Caputo 8 fev 2022, 15h31
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  • A peça Hermanoteu na Terra de Godah vem rodando o Brasil e até outros países desde seu lançamento em 1995, que acabou impulsionado anos depois pela famigerada internet. Idealizado por um grupo de Brasília, a companhia de comédia Os Melhores do Mundo, o espetáculo ganha agora adaptação cinematográfica, que estreia no sábado, 12, às 22 horas, no Telecine Premium, e passa a integrar o catálogo do Telecine, agora no Globoplay. Na comédia, o Cardeal Gerônimo, recém eleito como papa, descobre um segredo mantido pela Igreja. Trata-se da história épica do atrapalhado Hermanoteu, uma figura da Pentescopéia enviado por Jeová para salvar a fictícia Godah. Ao longo de sua jornada, o protagonista participa de episódios fundamentais da Bíblia e chega a integrar o grupo de discípulos de Jesus Cristo. 

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    Os personagens da adaptação cinematográfica são interpretados pelos membros da trupe teatral, Ricardo Pipo, Adriana Nunes, Welder Rodrigues, Victor Leal, Jovane Nunes e Adriano Siri, além de participações de Marcos Caruso, Milton Gonçalves e Jonas Bloch. Ator e roteirista, Jovane Nunes conversou com VEJA sobre o sucesso da peça e a polêmica mistura de humor e Bíblia:

    Nos últimos anos, algumas produções humorísticas que utilizam da religião em suas sátiras receberam críticas e ameaças, a exemplo do caso do Porta dos Fundos. Hermanoteu na Terra de Godah já lidou com alguma reação parecida? Nunca tivemos problemas sérios como o do Porta dos Fundos. Uma vez, com uma outra peça, Dingou Béus, um padre de Brasília não gostou do que viu e falou na missa para que os fiéis não fossem ao teatro. Percebemos, então, que um público que não iria normalmente começou a aparecer na peça, e eram os frequentadores da igreja, que ficaram curiosos. Mas não passou disso. Nosso objetivo não é falar mal da religião de ninguém, eu mesmo sou católico. A gente quer humor, quer graça, não quer criar polêmica ou ofender ninguém. A comédia vive de esculachar. Não fazemos piada com o divino, mas com a relação que as pessoas têm com a religião. 

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    Como vem sendo o processo de atualização da peça ao longo de quase trinta anos na estrada? A peça de 1995 é completamente diferente da de hoje, ela foi mudando. As pessoas gostam quando você faz uma coisa especial para elas. Então, adaptamos o texto no espaço e no tempo. Quando vamos a uma determinada cidade, mencionamos coisas locais. A gente chega, lê o jornal, vê as notícias, conversa com as pessoas, e coloca aquilo como improviso na peça. Aprendemos também que o nosso trabalho no teatro é semelhante ao de cronistas, porque falamos da atualidade. Usamos o Antigo Testamento bíblico ou o esporte, por exemplo, como pano de fundo, para falar de cultura, de política, de economia. E isso nos aproxima das pessoas.

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    Como foi adaptar o roteiro do teatro para a linguagem cinematográfica? O teatro tem uma relação interpessoal, com muito diálogo, e pouca ação, diferente do cinema. Então, primeiro, tivemos que criar uma jornada do herói para o Hermanoteu. Na peça, os personagens passam e conversam com ele. No filme, precisávamos de uma peregrinação, então foi preciso criar uma história desde o começo, onde ele se transformava. Também há algumas cenas soltas, que são esquetes. Se tirar do filme, não faz falta para a história, mas para a comédia faz.

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    Jesus Cristo com os apóstolos em ‘Hermanoteu na Terra de Godah’
    Jesus Cristo com os apóstolos em ‘Hermanoteu na Terra de Godah’ (Telecine/Divulgação)

    Para quem já conhece e gosta da peça, o que o filme traz de novo? E para quem nunca viu: precisa saber algo de essencial sobre a peça para aproveitar o filme? Isso é uma preocupação da adaptação também. Tínhamos que fazer o melhor para os dois mundos, não podíamos abandonar nem um, nem outro. Me incomoda muito quando vou assistir a um filme que é uma adaptação de um quadrinho, por exemplo, e é feito para o fã. Eu pago o ingresso, e para entender o que o cara está falando, tenho que saber de uma história pregressa? Então, quem nunca ouviu falar do grupo ou da peça vai se divertir com o filme. Já para o fã, colocamos algumas pequenas coisas dentro do roteiro, como um bordão de uma outra peça, por exemplo. Não atrapalha em nada na história, é divertido, o fã vai reconhecer e adorar. 

    O humor está disponível 24 horas por dia na internet, seja através de um vídeo, ou de um meme. Pela sua experiência, como as companhias de comédia se atualizaram ou podem se reinventar e alcançar o público? Nós devemos muito à internet e às redes sociais. Foi graças à internet, quando jogaram o vídeo do esquete de Joseph Climber que fizemos no Jô Soares, que o grupo ficou muito conhecido. Tivemos alguns virais no começo que popularizaram o grupo e levaram o público ao teatro. Nós já fizemos peças nos Estados Unidos, Portugal, no Brasil inteiro, em todas as cidades importantes, todas as capitais… isso foi graças a essa divulgação da internet, não foi a televisão, não foi o cinema, foi a internet que fez isso por nós. E somos um grupo de teatro. Não somos o pessoal da piada no Instagram, do meme. A gente gosta de fazer uma peça no palco. E pelo que tenho visto, não vai acabar, porque são coisas diferentes. O teatro é muito poderoso e ele nunca vai acabar, como o cinema também nunca vai acabar. 

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