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‘Sticky Fingers’, álbum que lançou ‘boca dos Rolling Stones’, faz 50 anos

Além de lançar a famosa logomarca da banda, álbum também contou com dois grandes hits: 'Wild Horses' e 'Brown Sugar'

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 abr 2021, 11h00
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  • A imagem de uma das divindades mais conhecidas do hinduísmo, a deusa Kali, choca os ocidentais à primeira vista. De pele azul, ela tem quatro braços e usa um colar formado por cabeças humanas. O rosto é igualmente expressivo, sempre representada com a língua de fora. Há 50 anos, os Rolling Stones ainda caminhavam para se tornar “a maior banda do mundo” e precisavam de uma logomarca simples e que funcionasse por conta própria. Com isso em mente, Mick Jagger contratou o artista John Pasche e mostrou a ele a ilustração da deusa, já que o vocalista estava muito ligado na cultura indiana. Daquela figura não foram as cabeças decepadas que chamaram a atenção do artista e, sim, a boca aberta com a língua de fora. Para Pasche, a sacada estava ali: era um gesto que todo mundo fazia, desde as crianças até os adultos. Simples e eficiente.

    A banda Rolling Stones em material de divulgação de Sticky Fingers
    A banda Rolling Stones em material de divulgação de Sticky Fingers (//Divulgação)

    A tal logomarca, a boca de lábios vermelhos com a língua de fora é uma das mais reconhecidas do rock até hoje, foi publicada oficialmente há exatos 50 anos, em 22 de abril de 1971, no encarte do álbum Sticky Fingers, dos Rolling Stones. Fosse apenas por ter dado ao mundo icônica imagem, o álbum já valeria ser mencionado nos anais do rock, mas a logo calhou de sair no disco que marcou uma das mais importantes mudanças da banda, que deixaria de ser uma mera concorrente dos Beatles para criar seu próprio som, trilhando uma carreira completamente original.

    Para além das dez músicas que acompanham a obra (já já falamos sobre elas), o disco trouxe outras novidades. A capa, por exemplo, era uma obra de Andy Warhol, que fotografou um modelo desconhecido (muitos acreditavam ser Mick Jagger, mas não é) usando uma calça jeans apertada, com um zíper de verdade. Ao abrir a calça, via-se do lado de dentro a cueca do modelo – aliás, visivelmente excitado. O fecho não era lá muito prático e muitos lojistas reclamaram que ele estragava os LPs. Mas isso era o de menos.

    Capa do álbum Sticky Fingers, dos Rolling Stones, feita por Andy Warhol
    Capa do álbum Sticky Fingers, dos Rolling Stones, feita por Andy Warhol (Divulgação/VEJA)
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    Se o marketing era bom, para os fãs eram as músicas que importavam. Com uma mudança notória em suas composições, os Stones agora soavam mais sujos, com guitarras menos elaborados, se afastando do rock e se aproximando do blues. Parte dessa liberdade musical foi conquistada porque este também foi o primeiro disco lançado pela Rolling Stones Records, a gravadora fundada pela banda. A outra parte do sucesso, muitos atribuem à tríade sexo, drogas e rock n roll. Nessa época, Mick Jagger tinha acabado de se separar de Marianne Faithfull e Keith Richards estava cada vez mais envolvido com Anita Pallenberg. Os relacionamentos, portanto, estavam escancarados em parte das letras, como em Wild Horses. A outra parte se esbaldava em mensagens subliminares sobre as drogas que eles consumiam em quantidades industriais, como em Brown Sugar. Não por acaso, essas são as duas melhores músicas do álbum, tocadas até hoje nos shows da banda.

    Embora não seja o maior disco de rock de todos os tempos – aliás, nem é o melhor dos Rolling Stones, Sticky Fingers tem, no entanto, seu lugar entre os grandes álbuns de rock da história. Ele foi, por exemplo, o primeiro trabalho em que Mick Jagger é creditado como guitarrista, e também foi o primeiro com Mick Taylor, que substituiu Brian Jones, morto em 1969. Mas, seu principal mérito foi o de pavimentar o caminho que os Stones seguiriam dali em diante, com – esse sim, um dos melhores álbuns de rock da banda – o duplo Exile on Main St., uma obra-prima do gênero, lançado no ano seguinte.

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