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Selena Gomez e a invasão da dor de cotovelo feminina no pop

Em seu mais recente álbum, a estrela reforça o time de cantoras que se inspiram em namoros desafinados para criar hits e sair 'por cima'

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jan 2020, 12h27 - Publicado em 10 jan 2020, 06h00

Selena Gomez estava perto de comemorar seus 3 anos quando o mercado musical foi atingido por uma joia em forma de bomba. Jagged Little Pill, o terceiro disco da canadense Alanis Morissette, então desconhecida aos 21 anos, chegou às lojas em 1995 quebrando conceitos. Seu espírito pode ser resumido na vigorosa canção You Oughta Know. Nela, Alanis transformou a lamúria da desilusão amorosa em brado de autoafirmação. As mulheres saíram do lugar de vítima, e a dor de cotovelo foi devidamente reembalada: perder um amor é humano, mas superá-lo é divino. Assim, Jagged Little Pill vendeu 33 milhões de cópias (o disco está ganhando turnê comemorativa de 25 anos e acaba de virar musical na Broadway). Enquanto Alanis colhia os louros da vingança musical contra um ex, Selena Gomez dava os primeiros passos na bem-sucedida carreira de atriz e cantora. Mas, depois da sorte no trabalho, veio o inevitável azar no amor. Aos 27 anos, a moça luta contra um carma que tem nome, sobrenome e fama estelar: Justin Bieber. Agora, à maneira de sua musa inspiradora Alanis, é a vez de Selena usar o gogó para expiar o fantasma do machinho que feriu seu coração.

Desde 2010 o casal Selena-Bieber mantinha um desafinado romance cujas idas e vindas renderam variadas canções bocós de ambos os lados. O fim do namoro ioiô veio em 2018. Apenas dois meses após terminar com a cantora, Bieber engatou um romance com a modelo Hailey Baldwin, com quem se casou em setembro. Selena ficou devastada, mas deixou o “embuste” para trás. A nova fase ganha seu marco nesta sexta-feira, 10, com o lançamento de seu terceiro disco, Rare, o mais maduro e interessante da carreira (Bieber, quem diria, teve ao menos essa utilidade). No primeiro single, a indireta é direta. A poderosa Lose You to Love Me detalha a separação do ponto de vista dela: “Em dois meses / Você nos substituiu / Com facilidade”. Em seguida, veio a eletrônica e dançante Look at Her Now. Seu clipe é um primoroso exemplar da ostentação da felicidade na era do Instagram: cores saturadas e roupas brilhantes informam que ela vai bem, obrigada.

Rare coloca Selena no caminho aberto por Alanis e reafirma a força da dor de cotovelo como motor do pop. Entre o fim dos anos 60 e o início dos 70, Joni Mitchell e Carole King foram pioneiras em demarcar o ponto de vista feminino em suas composições — até então, boa parte das faixas entoadas por mulheres era escrita por homens. A dor de cotovelo, porém, vinha na forma de lamentos poéticos. Foi Madonna, na década de 80, quem virou a indústria da vingança amorosa de cabeça para baixo com sua inédita autossuficiência. Se não houvesse Madonna, com suas letras abusadas e por vezes rancorosas contra ex-namorados, não existiria Alanis. Jagged Little Pill foi mais rejeitado que uva­-passa no Natal, até chegar ao escritório da Maverick, gravadora da pop star de Material Girl.

Dali em diante, a mulherada nunca mais se calou. Os anos 2000 foram marcados por discos confessionais de Amy Winehouse e Adele. Atualmente, é a turma de Selena Gomez, Taylor Swift, Dua Lipa e Ariana Grande que fatura em cima das agruras amorosas (o Brasil segue uma trilha própria, com o domínio da sofrência das estrelas sertanejas femininas). Se a vingança de uma Alanis era vociferada com raiva, as novas cantoras fazem sua lavação de roupa suja como quem posta a intimidade e escreve textões no Instagram e no Facebook (muitas vezes, a elegância fica de fora desse show). Cada geração feminina tem a dor de cotovelo que merece.

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ALANIS MORISSETTE

(./Divulgação)

“Ela é pervertida como eu?”, canta a roqueira canadense na música You Oughta Know. Alanis não revela para quem escreveu os versos do hit de 1995, em que explode de raiva por ter sido trocada por outra. Mas o ator Dave Coulier, seu ex, vestiu a carapuça

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SELENA GOMEZ

(@selenagomez/Instagram)

A cantora e Justin Bieber viveram um namoro ioiô de 2010 a 2018, quando ele assumiu o romance com sua atual mulher, dois meses após terminar com Selena. Ela detalha as dores do fim — com curiosa autoestima — em Lose You to Love Me: “Eu precisei odiar você para me amar”

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TAYLOR SWIFT

(@taylorswift/Instagram)

É longa a lista de antigos amores que inspiraram a artista a cantar suas mágoas. Entre os desafetos está John Mayer: o cantor é citado nominalmente na faixa Dear John. Na música, a loira diz: “Fui uma peça no seu jogo de xadrez, e você mudava as regras todo dia”

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DUA LIPA

(@dualipa/Instagram)

Resoluta, a inglesa despreza o retorno de um namorado que a traiu na música IDGAF (sigla para “não dou a mínima” — a frase é mais chula no original). “É tarde demais para se arrepender. Vá embora e cale a boca. Eu não dou a mínima para você”

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Publicado em VEJA de 15 de janeiro de 2020, edição nº 2669

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Jagged Little Pill, de Alanis Morissette

Rare, de Selena Gomez

Dua Lipa, de Dua Lipa

1989, de Taylor Swift

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