Sabrina Sato: a Madonna das quadras movimenta R$ 2,4 milhões no Carnaval
Rainha de bateria virou mãe, aumentou o merchandising e diz que vai para os desfiles das escolas de samba como uma estrela de rock para uma turnê
A impressão é de uma operação de guerra sendo posta em ação. Com quinze anos de avenida, Sabrina Sato e seu seleto esquadrão de stylists, maquiadores, motoristas, pilotos, seguranças, fotógrafos e cinegrafistas não se perdem na confusão: cada um sabe exatamente o que deve fazer para pôr em pé o que se tornou uma verdadeira empresa, em franco crescimento e que ajuda a mover duas das mais importantes comunidades do samba brasileiro, o Carnaval da Sabrina.
Rainha de bateria da Gaviões da Fiel, em São Paulo, e da Unidos de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, a apresentadora da Record conhece cada palmo dos sambódromos das duas capitais, que nos dias de folia só deixa para aparições em grandes camarotes patrocinados e nos blocos de rua da moda. No ano passado, foi destaque na saída do bloco As Poderosas, da cantora Anitta – em cima do trio elétrico, obviamente, como mostram imagens largamente divulgadas nas suas redes sociais, administradas por uma equipe de pelo menos quatro profissionais que vivem na sua cola.
Mesmo com essa agenda em 2018, entre uma troca de fantasia e outra, Sabrina encontrou um intervalo na sua incansável agenda carnavalesca para ver o então namorado, Duda Nagle, filho da jornalista Leda Nagle, com quem vivia o auge da paixão. Conceberam ali a pequena Zoe – uma das gravidezes e partos que mais movimentaram as redes sociais brasileiras nos últimos tempos. Com a primeira gravidez, cresceu o número de seguidores da ex-integrante do Pânico de 12 milhões para 18,5 milhões e surgiu uma leva substantiva de marcas interessadas no merchandising voltado para mães. Ficou no ar, porém, a pergunta: ela desfila no próximo Carnaval?
Sabrina diz que apesar das cobranças da família por uma pausa ao menos para o puerpério, nunca cogitou se ausentar da grande festa. “Um filho vem para acrescentar e não para subtrair”, ensina. E assim, os trabalhos para a luta nas avenidas, que há quatro anos tem todos os bastidores e passagens tão íntimas quanto ela tirando seu leite transmitidas pelo reality show #CarnavalDaSabrina, em seu canal no YouTube, começaram em julho do ano passado, praticamente só pararam para o parto e foram retomados antes do segundo mês completo da filha – uma menina sorridente que mama e dorme tranquilamente enquanto a mãe se monta e desmonta para os ensaios e desfiles. Sabrina amamenta maquiada e com os cabelos escovados com a plenitude de uma Madonna de Michelangelo.
A apresentadora precisou postergar, no entanto, as costumeiras aulas de samba com as passistas das escolas para as quais desfila – seu preparatório para a folia. Começou após a liberação médica. Mas a gravidez e a maternidade inspiracionais de Sabrina Sato atraíram empresas interessadas em vender para mães que não deixam a maternidade atrapalhar suas atividades, como a Alto Giro, que lançou a linha Training For Two, de fitness para grávidas, tendo Sabrina como rosto (corpo e barriga) da campanha. E não afastaram as empresas de beleza, que acompanharam a diva sair da gestação mais bonita do que entrou.
Quase todas – fraldas, óleo contra estrias, maquiagem – estão dentro do bolo de patrocínio que vai pagar a conta do #CarnavaldaSabrina deste ano: uma operação que deve movimentar, nas contas de Karina Sato, irmã e empresária de Sabrina, cerca de 2,4 milhões de reais até a quarta-feira de cinzas, 20% a mais do que na festa de 2018. “Eu tinha prometido que quando começasse a me planejar para a gravidez avisaria o meu escritório com antecedência, para que eles pensassem na questão das novas marcas parceiras. Mas aconteceu. E as marcas vieram, graças a Deus”, comemora.
“Até alguns anos atrás, tudo o que eu ganhava na televisão eu gastava no Carnaval”, conta Sabrina, que este ano vai desembolsar 300.000 reais só com as fantasias. Muitas vezes, as peças e adereços usados por rainhas, madrinhas e musas são custeadas pelas escolas, mas não no caso de Sabrina, que prefere não pesar no bolso aos estandartes que representa. O disputado estilista Henrique Filho assina as fantasias que são literalmente construídas sobre o corpo da apresentadora. “Desde criança eu sonhava em desfilar. Era fã da Luma de Oliveira e da Adriane Galisteu (para quem o estilista desenhou fantasias antológicas)”.
“Levo quatro horas para me arrumar, tenho de parar até para comer e, agora, para dar de mamar”, conta ela. “Faço Carnaval porque amo, desde que me conheço por gente. Por isso viajo como se fosse uma pop star indo dar um show internacional, mesmo sabendo que sou apenas uma rainha de bateria indo para a avenida. É um grande momento, uma felicidade que a Zoe vai conhecer também.”
Enquanto esse dia não chega, a bebê não entra diretamente nem nas ações de merchandising. Não veste as roupas, usa os cremes ou tem trocas de fralda em frente às câmeras exibindo marcas. “Isso será uma decisão dela quando chegar a hora”, diz a musa. Mesmo sem envolvimento de Zoe nas campanhas, a rainha de bateria conseguiu caminhões de doação de fraldas para as comunidades ligadas às escolas de samba onde reina, entregues por uma das marcas que vieram com a maternidade.
Karina Sato é o general por trás da marcha desse exército e, Sabrina garante, não deixa nenhuma ponta solta. “A desligada sou eu”, admite a rainha de bateria. Karina comanda a Sato Rahal, a empresa que negocia, contrata, assina os cheques e manda as faturas para as marcas que orbitam Sabrina e agora, indiretamente, a sobrinha Zoe. “É uma loucura, este ano teremos mais gente viajando (para o Rio de Janeiro) e ainda não tenho nem os voos definidos, nem o hotel fechado”, desabafa a primogênita da família que dá nome à agência. Na capital fluminense, Sabrina e companhia costumam se hospedar no Copacabana Palace, não só para o desfile, mas para os ensaios que antecedem a festa também, sempre cercada de todo tipo de ajudante de imagem, que acumulam agora a função de ajudá-la com o leite de Zoe.
Karina – também casada, mãe de dois filhos e sorridente quase tanto quanto a irmã – calcula que entre profissionais e seus assistentes ultrapasse de vinte o número de assentos na ponte aérea Rio-São Paulo, bancada por uma companhia aérea. Isso sem contar a família, sempre presente nas aparições de Sabrina, e a babá da recém-nascida, que há poucos dias tomou as últimas vacinas do trimestre e, portanto, pode acabar não liberada para acompanhar a mãe. Se precisar deixar a menina, Sabrina sabe como se preparar: quando se manteve distante do rebento por 24 horas para o ensaio final da Unidos de Vila Isabel, deixou nada menos do que dezoito mamadeiras de leite materno em casa. Caso seja liberada para ir, é provável que a herdeira faça sua primeira viagem em um voo particular. “Acredita que o Duda queria levá-la de carro? Carro é mais seguro que avião, gente?”, desabafa Sabrina, para quem o Carnaval já é mais que um sonho de infância. Caro, mas realizado.