É tarde da noite e a multidão endinheirada e interessada em arte da capital da Índia congestiona as galerias de onde sai por um labirinto estreito de ruas, bebendo taças de vinho e analisando catálogos.
Lado Sarai, e sua confusão de ruas e prédios construídos desordenadamente no interior de Nova Délhi, foi transformado em novo e próspero distrito de arte, onde carros das marcas Mercedes e BMWs disputam espaço com carroças de boi.
“Com o clima de incerteza econômica mundial, prefiro optar por investimentos em ativos ‘reais’ como ouro, imóveis e arte”, disse o executivo do ramo bancário Suresh Basu, 34, enquanto folheava um catálogo.
Assim como o boom econômico da China ajudou a desenvolver um importante cenário artístico doméstico, em rápida expansão, a Índia experimenta uma popularidade própria de venda de arte, entre uma classe média em ascensão.
Lado Sarai surgiu como um distrito de arte quando donos de galerias procuravam espaço.
A atração de Lado Sarai é seu estatuto autônomo, o que significa não estar subordinado a políticas de planejamento das autoridades municipais.
No entanto, aí, os aluguéis são muito mais baratos que os do centro de Nova Délhi.
“Os donos de galerias podem ter espaços muito maiores aqui”, disse Neha Kirpal, diretora da anual Feira de Arte de Índia.
A movimentada área tornou-se pioneira como distrito de arte, quando uma executiva, Mamta Singhania, foi impedida de abrir a própria galeria num bairro residencial.
Singhania deparou-se com Lado Sarai – próxima dos requintados enclaves do sul de Délhi – e deu à vizinhança, formada, então, por pequenas lojas que vendiam no varejo comida, roupas e outros itens, sua primeira galeria em 2009. “Não achei outro lugar que coubesse no meu orçamento, então comecei aqui e outras galerias me seguiram – há muitas pessoas agora”, disse Singhania à AFP. “A vizinhança se tornou um lugar vibrante e movimentado”.
A mídia local indiana classifica a área como a nova “principal rua de arte” da capital. Alguns proprietários inauguram suas exposições na mesma noite, para que as pessoas interessadas em arte possam circular de uma galeria à outra.
“É um bom lugar para expor”, disse Bose Krishnamachari, um artista de Kerala, um estado ao sul, cujos trabalhos contemporâneos estavam expostos em uma galeria elegante e bem iluminada chamada Latitude.
O mercado de arte indiano ainda está no começo, com vendas correspondendo a 1% do global, avaliado em torno de US$ 40 bilhões, mas especialistas preveem que vá crescer rapidamente.
A maioria dos compradores são da ascendente classe média ou ricos da diáspora indiana.
“Em termos de proprietários de obras de arte ainda estamos, por assim dizer, na Índia, na ponta do iceberg”, disse Kirpal, a organizadora de uma feira. “Mas o mercado de arte indiano pode se animar diante de um longo período de crescimento” econômico.
As galerias em Lado Sarai atendem a uma ampla gama de clientes, com obras que variam de modestos US$ 100 ou US$ 200 a milhares de dólares.
“Ainda há uma série de aprendizados a serem feitos pelos compradores sobre os artistas indianos. Alguns deles me perguntam quais devem comprar”, disse Tulika Kedia, dona da Lado Sarai Must Art Gallery.
Por muitos anos, a sabedoria convencional dizia que os colecionadores indianos compravam apenas peças indianas, mas negociadores estrangeiros acreditam que a crescente economia da Índia está criando um grupo considerável de compradores interessados em arte internacional.
“As galerias ocidentais, agora, estão vendo a Índia como um importante mercado”, disse Kakar, da galeria Latitude.
Em 2008, quando Kirpal lançou sua feira de arte, apenas 34 galerias de quatro países fizeram exposições. Este ano, 90 galerias de 19 países estarão no evento que vai de 25 a 29 de janeiro, disse Kirpal.
“Mais cedo ou mais tarde, todas as grandes galerias internacionais começarão a vender na Índia porque o dinheiro está aqui”, acrescentou ela.