Um quadro holandês roubado há 40 anos na Alemanha, e recuperado no ano passado, pode ser uma obra desconhecida do mestre barroco Rembrandt (1606-1669), dizem os curadores do museu alemão Schloss Friedenstein, em Gotha. Retrato de um idoso barbudo não identificado, a obra chegou a ser atribuída a Jan Lievens e a Ferdinand Bol, aluno de Rembrandt. Em entrevista ao site especializado The Art News Paper, Timo Trümper, o curador da exposição que tem a peça como estrela, revelou que análises sobre o estilo da pintura descartaram ambos os artistas, abrindo a possibilidade de ser um Rembrandt genuíno.
De acordo com Trümper, a atribuição a Bol foi feita baseada em uma assinatura no verso, mas o visto pode indicar que o pupilo de Rembrandt era dono do retrato, e não seu autor. A hipótese mais provável é de que Bol tenha obtido o trabalho após a falência do mestre, em 1656. Outro indicativo é o fato de a obra ser muito semelhante a uma segunda peça, parte do Museu de Arte de Harvard, nos Estados Unidos, que traz a assinatura de Rembrandt, embora sua atribuição também seja alvo de debate. Trümper diz que a semelhança entre as pinturas indica que a de Gotha pode ser o retrato original, reproduzido posteriormente no quadro que está em Harvard.
“É uma questão de interpretação”, diz ele sobre a obra. “Podemos ter certeza de que ela se originou no estúdio de Rembrandt — a questão é quanto dela é Rembrandt e quanto é de seus alunos? Já conversamos com muitos colegas. Metade deles diz que não é de Rembrandt, mas de seus pupilos, e a outra metade diz que a teoria é interessante e não pode ser descartada”, contou à publicação.
Feita entre 1629 e 1632, a pintura foi uma das cinco obras no estilo dos “velhos mestres” devolvidas ao Schloss Friedenstein no ano passado, mais de quatro décadas depois de ser roubada em dezembro de 1979. Todas foram restauradas e estão agora expostas na mostra Back in Gotha! The Lost Masterpieces, em cartaz até 21 de agosto de 2022. O ladrão, segundo um artigo da exposição, é Rudi Bernhardt, um maquinista da Alemanha Oriental que contrabandeou as obras para a Alemanha Ocidental com a ajuda de um casal já falecido, que deixou as pinturas para os filhos. Bernhardt morreu em 2016, levando seu segredo para o túmulo.