‘Professor Marston’ mostra romance não-convencional
Filme de Angela Robinson conta a história do criador da Mulher-Maravilha, que viveu um relacionamento a três nos anos 1920

Dentre os muitos filmes baseados em histórias reais a serem apresentados no Festival de Toronto, Professor Marston and the Wonder Women provavelmente é o que tem a história mais curiosa. Professor de psicologia, William Moulton Marston (interpretado pelo carismático Luke Evans) manteve por anos um relacionamento a três com sua mulher Elizabeth (Rebecca Hall, ótima) e a amante de ambos, Olive (Bella Heathcote). As duas serviram de inspiração para que ele criasse a Mulher Maravilha nos anos 1940.
Se o romance que produziu cinco filhos causaria escândalo ainda hoje, imagine na década de 1920. Em princípio, Olive se torna assistente do casal. Logo, os dois se veem apaixonados pela moça. Claro que a relação traz problemas, e Elizabeth, que aparece como a mais pé no chão, acha melhor terminar tudo. Só que Olive está grávida, e os três se mudam para outra cidade para criar sua família não-convencional.
O roteiro de Angela Robinson, que também assina a direção, intercala os momentos da divertida e complicada vida a três com a criação da Mulher Maravilha – Marston, que precisava de dinheiro, também achava que era uma boa ideia para levar ideias feministas às massas. Os quadrinhos eram repletos de cenas de “bondage” e sadomasoquismo baseados na pesquisa dos Marston, e o filme vai delineando como uma fantasia realizada inspirou o uniforme da super-heroína, como um trote na república de Olive virou uma cena de espancamento e assim por diante. Nesse caso, a arte imitou a vida.
Ainda que seja um filme convencional na forma, no conteúdo, não é. No fim, a mensagem é simples, mas ainda assim revolucionária: no amor, e entre adultos, tudo vale desde que seja de comum acordo.