A carta aberta pedindo “um novo começo” para o Festival de Berlim, publicada pelo Spiegel Online em novembro, repercutiu na 68ª edição, que começou nesta quinta-feira. Os signatários pediram a formação de uma comissão internacional para escolha do substituto do diretor do evento Dieter Kosslick, no cargo desde 2001, e mudanças no evento. Durante coletiva de imprensa nesta manhã, o presidente do júri, o cineasta alemão Tom Tykwer, minimizou as supostas críticas. “Acredito que meus colegas queriam expressar que existe um anseio por uma mudança natural, o que não é nada extraordinário sabendo que uma nova era vai começar em 2019 (quando acaba o contrato de Kosslick) e que é preciso ser preparada com cuidado e levada a sério”, disse.
“Precisamos incluir todos os setores e artistas. Foi por isso que ela foi escrita. E muita coisa considerada crítica na verdade foi bastante construtiva. Se você falar com os cineastas, normalmente dizem que amam este festival. Todo o mundo espera pelo Festival de Berlim, as pessoas enfrentam o frio para ver os filmes mais estranhos”, continuou. A carta foi assinada por cineastas alemães como Maren Ade (de Toni Erdmann) e Fatih Akin (de Em Pedaços) e pedia que se encontrasse “um curador de destaque que seja apaixonado por cinema, com boas conexões internacionais e capaz de liderar o festival no futuro em pé de igualdade com Cannes e Veneza”
Indagado sobre o que achava da competição do Festival de Berlim nos últimos anos, Tykwer afirmou: “A competição sempre muda. Todo ano é diferente. O programa sempre foi homogêneo, mas a cada ano é preciso escolher dentre os filmes que foram feitos. E é como vinho: tem ano em que a safra é boa, tem ano que não”.
Tykwer também comentou sobre a escolha de uma animação em stop motion, Isle of Dogs (“ilha dos cães”, na tradução livre), de Wes Anderson, para a abertura da 68ª edição. “Fico empolgado com a ideia. Há tantas razões para ser escolhido para a abertura: parece alegre, inteligente, os donos das vozes dos cachorros vêm. É um grupo incrível de atores que vai abrilhantar o tapete vermelho, o que é importante para um festival. Acho uma delícia essa escolha, essa gente toda vai ver uma animação sobre cães.”
Tykwer é presidente de um júri composto ainda pelo compositor japonês Ryuichi Sakamoto, a atriz belga Cécile de France, o fotógrafo espanhol Chema Prado, a produtora americana Adele Romanski e a crítica de cinema americana Stephanie Zacharek. Sakamoto disse que está empolgado de estar no júri. Mas ressaltou: “Quero julgar os filmes pelo ponto de vista artístico, não político”.