Por muito tempo, a erva conhecida como jambu só provocava desconfiança fora do Norte do país. Uns estranhavam seu amargor; outros implicavam com a sensação de formigamento que a planta causa na boca ao ser mascada em iguarias como o tacacá. O tucupi, mais um ingrediente consumido na região, não despertava menos estranheza. Marcado pelo sabor exótico desse caldo de mandioca-brava, o célebre pato ao tucupi sempre desafiou o paladar dos mortais de outras partes do Brasil. Com a cena musical do Pará, ocorria mais ou menos o mesmo. O.k., o estado produziu uma cantora incontornável na MPB — Fafá de Belém. Mas os gêneros que por décadas movimentaram o mercado local — a guitarrada e o tecnobrega — tendiam a ser encarados como meras curiosidades pitorescas fora de seus limites de origem. No máximo, sua música conquistava o público das classes C, D e E pelo apelo popularesco do brega aparentado do forró da banda Calypso, que estourou há uma década. Pois a música paraense da atualidade mostra que pode bem mais. Assim como os ingredientes culinários do Pará hoje são valorizados por chefs estrelados, seus artistas vêm ganhando prestígio e influência inéditos. Surge, enfim, uma colorida estética do Norte: o pop ao tucupi.
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