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Padre acusado de pedofilia tenta adiar filme de François Ozon sobre o tema

Cineasta, que apresentou o longa nesta sexta-feira no Festival de Berlim, afirmou que se trata de uma obra de ficção, embora se baseie em fatos reais

Por Redação
8 fev 2019, 18h39

O padre francês Bernard Preynat, acusado de agressão sexual contra menores de idade na França pediu, por meio de ação movida por seu advogado de defesa, o adiamento da estreia do filme Grâce à Dieu (Graça de Deus), de François Ozon, apresentado nesta sexta-feira, 8, durante o 69º Festival de Berlim. O diretor defende o longa como uma obra de ficção baseada em fatos reais: a denúncia de 85 ex-escoteiros contra Preynat por agressão sexual e pedofilia.

O diretor já havia recebido, antes da exibição no festival, notificação de uma colaboradora da Diocese de Lyon, Régine Maire,  julgada pelo acobertamento de agressões sexuais, pedindo que tirasse o seu nome do filme. O nome foi mantido e a estreia do filme na França continua prevista para 20 de fevereiro. A defesa de Preynat pede que o filme seja exibido só após seu julgamento, que ainda não tem data marcada.

Ozon assegura que quis fazer um filme cívico, “ao propor questões que permitam um debate de utilidade pública”. O cineasta usa no longa apenas os primeiros nomes das vítimas. Mas dá os nomes inteiros dos integrantes da Igreja Católica acusados. Além de Preynat e Régine Maire, cita o cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, que está sendo julgado desde janeiro na cidade também pelo acobertamento dos casos de pedofilia. Ozon diz que todos os nomes já eram conhecidos no público pela imprensa.

A acusação contra Preynat é de 2006. Foi organizada pela associação de vítimas La Liberte Word, fundada em Lyon pelos ex-escoteiros. “Não é um filme com mocinhos e bandidos, é algo muito mais complexo”, acrescenta o diretor de 51 anos. Para ele, houve um pacto de silêncio em toda a sociedade sobre a pedofilia. “O cinema acompanha o olhar da sociedade”, disse Ozon, que entre outros filmes dirigiu Swimming Pool – À Beira da Piscina (2003), Frantz (2016) e O Amante Duplo (2017). “Meu filme não é sobre um aspecto judicial, tenta fazê-lo no aspecto humano e no sofrimento das vítimas”, assegura o diretor, que pela quinta vez disputa o Urso de Ouro.

(Com AFP)

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