Os obstáculos de ‘Mulan’: pandemia, boicotes e censura na China
Após lista de percalços e controvérsias, filme da Disney teve estreia tímida no país chinês
Marcado para estrear em março, Mulan foi adiado três vezes por causa da pandemia, até ter sua data de lançamento pulverizada entre streaming e cinemas, dependendo de cada país e da reabertura das salas. Nos Estados Unidos, maior mercado da indústria cinematográfica, o filme está disponível para aluguel na plataforma Disney+. Na China, o segundo maior centro para bilheterias milionárias, o longa estreou na semana passada. O país de origem da heroína protagonista, porém, não respondeu como esperado ao filme, provocando uma arrecadação tímida em bilheteria, com 23 milhões de dólares no fim de semana. Antes considerado um dos longas mais esperado do ano, Mulan se afundou em polêmicas e percalços que continuam a ameaçar sua jornada.
Para começar, o longa já sofreu dois boicotes. O primeiro deles, do ano passado e ressuscitado recentemente, foi movido por ativistas pró-democracia ao redor da Ásia contra a atriz protagonista, Liu Yifei. A artista publicou em suas redes sociais uma frase dizendo que apoiava a polícia de Hong Kong durante os protestos contra a lei de extradição em 2019. “Podem me atacar agora”, disse a atriz que foi chamada de “ícone do autoritarismo” pelo principal ativista pró-democracia de Hong Kong, Joshua Wong.
Na semana passada, um novo boicote. Por ter rodado em locações na China, o filme traz em seus créditos agradecimentos ao governo chinês e ao Partido Comunista de Xinjiang, região acusada de abrigar alguns dos chamados “campos de reeducação política” dos uigures muçulmanos, onde haveria a prática de esterilizações forçadas e detenções em larga escala por perseguição religiosa. A Disney não revelou quais cenas foram gravadas na região.
Para aplacar a controvérsia, o governo chinês proibiu que a mídia do país, controlada pelo Partido Comunista, publicasse críticas sobre o filme, censura que afetou o processo de divulgação de Mulan no país — e pode ter interferido em sua estreia pífia.
Com orçamento estonteante de 200 milhões de dólares, a superprodução, inspirada na animação de sucesso de 1998, foi uma das mais afetadas pela pandemia. O longa teve a estreia adiada três vezes – de março para julho e, depois, para agosto, até ficar sem data fixa para estreia no cinema e partir para a plataforma de streaming da Disney, Disney+, custando 29,99 dólares para aluguel.
Nos países em que o Disney+ não está disponível, caso do Brasil, o longa ainda deve chegar aos cinemas – porém, sem data definida.