De um papel empoderado a outro: Octavia Spencer foi da matemática da Nasa Dorothy Vaughan de Estrelas Além do Tempo a uma versão feminina e negra de Deus. A atriz estrela a versão cinematográfica do best-seller A Cabana, de William P. Young, ao lado de Sam Worthington, um homem traumatizado pelo assassinato brutal de sua caçula, Missy. Em uma tentativa falha de vingar a morte de sua filha, o pai volta à cabana onde o crime aconteceu e se depara com Deus, Jesus e o Espírito Santo. A VEJA, a bem-humorada atriz conta que “deixou de lado” a religião para criar sua personagem, e pensou nela como a mãe de uma criança.
A atriz também fala sobre feminismo – “Com certeza sou feminista!” – e afirma que gostaria de ver mais projetos liderados e estrelados por mulheres negras, latinas e asiáticas no cinema. A Cabana estreia nos cinemas brasileiros em 6 de abril e conta também com a atriz brasileira Alice Braga no elenco. Confira abaixo a entrevista com Octavia Spencer:
Chorei muito assistindo a A Cabana. Em algumas cenas, sua personagem chora também. Foram lágrimas de verdade? Achou difícil conter a emoção durante as gravações? Eu só sei chorar lágrimas reais (risos). Foi orgânico, não estava no roteiro que Deus deveria chorar. Quando você interpreta Deus, você fica obcecado pensando no que Ele deveria fazer: Deus chora? Deus tem raiva? Ele faz outra coisa além de sorrir? Decidi colocar tudo isso de lado e criar uma personagem como se ela fosse a mãe de uma criança.
Você acredita em Deus? Inspirou-se na Bíblia para criar sua personagem em A Cabana? Sim, eu acredito em Deus. Cresci lendo a Bíblia, cheguei a trabalhar com um pastor e com a doutrina cristã. Mas deixei tudo isso de lado, religião é algo que você guarda no seu coração, não é algo que você possa levar para um personagem.
Você acredita que Deus é uma mulher? Eu nunca pensei nessa possibilidade… Cresci com os ensinamentos do cristianismo e é nisso que eu acredito.
Seu último trabalho antes de A Cabana foi Estrelas Além do Tempo, um expoente do girl-power no cinema. Você se considera feminista? Com certeza sou feminista! Inclusive, acho estranho quando uma pessoa diz não ser a favor da igualdade de gêneros, ainda que a palavra “feminismo” tenha ganhado um cunho negativo hoje em dia. Eu vou sempre defender qualquer coisa que coloque as mulheres no mesmo patamar que os homens.
Como você luta contra o preconceito de gênero? Não é algo planejado, é natural. Eu sempre lutei por mim e pelas outras mulheres, seja no trabalho ou na vida.
Na sua opinião, Hollywood ainda é sexista? Bom… A igualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma questão em Hollywood, assim como projetos liderados por mulheres de cor, como negras, latinas, asiáticas. Poderíamos ver mais de nós em filmes, com certeza. Eu não me sinto muito bem em chamar Hollywood de sexista, sempre tiveram muito respeito por mim. Eu fico bem feliz de ver A Bela e a Fera, La La Land – Cantando Estações e Estrelas Além do Tempo, todos filmes estrelados por mulheres, liderando as bilheterias pelo mundo. É por esse tipo de coisa que Hollywood luta.
Como foi trabalhar com Alice Braga? Eu amei trabalhar com a Alice! Ela foi um sopro de novidade no filme. A cena de sua personagem na caverna é uma das minhas preferidas em A Cabana, acho que as pessoas vão amar também.
Quais são suas principais inspirações no cinema? Tem tantas! Eu cresci assistindo Steven Spielberg. Sou grata também por ter tido a oportunidade de trabalhar com Guilhermo Del Toro, ele é um dos meus diretores preferidos. Tem uma lista gigante de pessoas que eu admiro e com quem gostaria de trabalhar.