Há alguns anos, o diretor Iberê Carvalho procurava uma história para seu primeiro longa, imaginando que seria algo sobre a relação pai e filho. Foi quando um amigo o levou para conhecer o cine drive-in de Brasília, o último ainda em funcionamento no país. “Quando você entra, é como se estivesse ingressando em outra época. Ele fica dentro do autódromo, mas parece à parte de tudo. Um lugar de outro tempo, mas vivo, funcionando. Aí me deu o estalo de que aquele poderia ser o lugar ideal para falar de uma relação perdida no passado”, contou Iberê após a exibição de seu filme, O Último Cine Drive-in, no Cine Encontro, sessão diária e gratuita do Festival do Rio, que a cada dia apresenta um filme da programação, seguido de debate com diretor e elenco.
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Em O Último Cine Drive-in, Iberê conta a história de Marlombrando (Breno Nino), jovem operário que há anos não encontra o pai ausente, Almeida (Othon Bastos), dono de um decadente drive-in de Brasília, o último do país. Mas a doença da mãe (Rita Assemany) o faz ter que levá-la para se tratar em Brasília, e o rapaz acaba hospedado na casa do pai. O conflito é inevitável. Mas a retomada da relação é construída, aos poucos, pela paixão dos dois pelo drive-in – e pelo desejo obstinado de Marlombrando de oferecer um momento inesquecível para a mãe enquanto há tempo.
O filme tem um clima meio anos 1970, década em que os drive-in eram um sucesso. E, com sensibilidade, homenageia tempos mais românticos para o cinema. Melancólico, o filme apela para os sentimentos do espectador em várias frentes: no amor incondicional do filho pela mãe e seu empenho em vê-la feliz; nas tentativas sofridas de um pai de mostrar ao filho que sempre o amou; no carinho de um homem pelo seu trabalho; na solidão do drive-in vazio; e no saudosismo evocado pela imagem dos carros estacionados no drive-in, letreiro de neon brilhando ao fundo, famílias e casais ao ar livre celebrando o último cine do gênero no Brasil.
O último cine drive-in faz parte da mostra competitiva da Première Brasil do Festival do Rio e tem sessão neste sábado, 4 de outubro, às 17h e às 21h30 no São Luiz 4.