A disputa entre Reino Unido e Grécia pelos mármores do Parthenon virou questão diplomática e já desencadeou até declarações de primeiros-ministros se opondo à devolução das peças. Agora, depois de muita especulação, veio a confirmação de uma mudança de rumo histórica nesse imbróglio: o Museu Britânico reconheceu, pela primeira vez, que está empenhado em “discussões construtivas” com a Grécia sobre o retorno das estátuas (ou parte delas) à terra natal. “Dissemos publicamente que estamos buscando uma nova parceria do Parthenon com nossos amigos na Grécia e, ao entrarmos em um novo ano, discussões construtivas estão em andamento”, declarou o museu em comunicado ao jornal The Guardian.
As peças em questão estão em exibição no Museu Britânico desde 1832, depois de terem sido retiradas do Parthenon por Lord Elgin, um diplomata britânico. A devolução está em pauta desde 2021, quando o primeiro-ministro grego requisitou o retorno dos artefatos ao país. No últimos meses, as especulação de que um acordo seria fechado se intensificaram, e representantes gregos confirmaram que conversas secretas entre o presidente do museu, George Osborne, e o governo estão em andamento há mais de um ano.
Na quarta-feira, 3, o jornal britânico Telegraph noticiou que um acordo feito entre as partes pode levar alguns itens a serem devolvidos por empréstimo no início deste ano, mas fontes do alto escalão grego negaram ao The Guardian que um acordo já tenha sido firmado. A confirmação do Museu Britânico de que as conversas de fato estão em andamento, no entanto, é um sinal inédito de que o assunto pode, enfim, estar caminhando para uma resolução. Um plano de modernização ambicioso que será detalhado em breve também pode oferecer um momento propício para uma acordo, já que se espera que as galerias do Parthenon, que estão em mau estado de conservação, sejam priorizadas na reforma.
Mesmo assim, o governo grego não deve conseguir tudo o que quer. A Grécia há muito insiste que as peças sejam devolvidas na íntegra e em caráter permanente, mas a posição do Museu Britânico é de que o acordo seja feito através de empréstimos. Isso porque a lei inglesa impede que o órgão devolva qualquer coleção permanentemente, exceto em circunstâncias muito limitadas, e o governo não tem intenção de alterá-la.