Nove mulheres relatam assédio em estúdio de Lars Von Trier
Ex-funcionárias contaram de casos envolvendo o sócio do diretor dinamarquês, Peter Aalbæk Jensen
Nove mulheres denunciaram casos de assédio sexual e moral dentro do Zentropa, estúdio dinamarquês que tem o cineasta Lars Von Trier entre os sócios. Em entrevista para o jornal Politiken, as ex-funcionárias contaram diversas situações envolvendo Peter Aalbæk Jensen, ex-CEO da empresa e parceiro de Von Trier nos negócios.
De acordo com a reportagem, Jensen teria apalpado os seios de funcionárias, além de colocá-las em situações de constrangimento com pedidos para levarem grampos de mamilos e até vacinarem os porcos dele.
“Acredito que todo mundo que trabalhou para o Zentropa já foi exposto ou testemunhou alguma situação. São casos de assédio sexual ou bullying. Tudo isso está arraigado na cultura do local”, afirmou a ex-produtora Meta Louise Foldager Sørensen.
Jensen, que ainda possui 25% das ações da empresa, afirmou que não se lembra dos casos de assédio descritos, mas que “provavelmente aconteceram”. “Não me interesso por submissão ou degradação. Estou interessado em testar limites”, se justificou.
Uma das situações constrangedoras revelada pelas ex-funcionárias eram as festas de Natal da companhia. Prêmios eram entregues para as mulheres que tirassem a roupa mais rápido e para quem tivesse os maiores pelos pubianos, que eram medidos na frente de todos. Jensen ainda organizou um jogo em que elas tinham que tirar brinquedos sexuais de uma bolsa e ele fazia sugestões desconfortáveis para uso. “Houve diversos momentos em que passei do limite ou fui longe demais. E eu reconheço isso. Mas a questão é que ou você é um líder adorado ou não, e eu sou”, afirmou.
Fundada em 1992 por Von Trier e Jensen, a Zentropa é a mais importante produtora dinamarquesa e está por trás de filmes de Lars Von Trier e Thomas Vinterberg, como Anticristo (2009), Melancolia (2011) e Ninfomaníaca (2013). A empresa ainda produz filmes pornográficos.
Björk e Lars Von Trier
Em outubro, a cantora Björk falou em suas redes sociais sobre situações de assédio que sofreu da parte de um “diretor dinamarquês”. A artista trabalhou com Lars Von Trier no filme Dançado no Escuro, em 2000. “Quando eu desviei da investida do diretor, ele se irritou e me castigou, criando para a sua equipe a ideia de que eu era uma pessoa difícil”, afirmou na época, sem revelar o nome do homem.
No dia seguinte à publicação, o diretor não falou diretamente no assunto, mas se defendeu escrevendo coisas como “Existe um método de direção no cinema” e “Não é à toa que as ‘minhas’ atrizes têm nos meus filmes a melhor performance da carreira”.