Naomi Wolf é banida do Twitter por espalhar desinformação sobre vacinas
Autora de 'O Mito da Beleza' foi permanentemente expulsa da rede social ao dizer que fezes e urinas de vacinados contaminavam água potável

Dona do best-seller feminista O Mito da Beleza, Naomi Wolf foi banida do Twitter por espalhar mitos e desinformações sobre vacinas contra a Covid-19. Em última postagem, a americana de 58 anos escreveu que as “fezes e urinas de pessoas vacinadas” deveriam ser separadas do sistema de tratamento de esgoto geral até que o impacto em não-vacinadas, via água potável, fosse medido.
Outrora conselheira política de Bill Clinton, e depois de Al Gore, Naomi Wolf vem chocando seus seguidores — especialmente seguidoras — pela postura negacionista e conspiratória ao longo da pandemia. Figurinha carimbada na lista de mais vendidos de VEJA, Naomi é parte da chamada terceira onda do feminismo e encabeça um impacto cultural até hoje reverberado, principalmente pela popularização dos movimentos “body positivity” (positividade corporal, em tradução direta). Logo, choca ver Naomi na mesma lista que o ex-presidente americano Donald Trump: ambos foram banidos da rede social de forma permanente.
A nova bomba vem na esteira de uma série de controversas que colocou Naomi Wolf como uma das mais vocais representantes do movimento antivacina. Mês passado, disse a um comitê do Congresso americano que o passaporte da vacina, permissão aos imunizados de um retorno à vida pré-pandêmica, iria “recriar uma situação, muito familiar para mim enquanto estudante de história, vista no início de muitos, muitos genocídios”. Ao longo da pandemia, a escritora declarou que as vacinas eram “uma plataforma de softwares em atualização”, implantadas com uma nanotecnologia que coletaria dados de imunizados. Em outra ocasião, disse que “se você for saudável e menor de 65 anos, a melhor maneira de mostrar respeito aos profissionais de saúde é socializar de forma sensata e se expor a um baixo nível de carga viral” — método também chamado de… vacina. Ao canal Fox News, afirmou que a pandemia seria um “disfarce” para que autoridades usassem poderes de emergência e instaurassem regimes autoritários.
As controvérsias motivaram uma nova leitura de suas obras — existem suspeitas sobre a precisão dos dados usados por ela para confirmar sua tese. No caso de O Mito da Beleza, as estatísticas sobre anorexia nos Estados Unidos, sem fontes rigorosamente referenciadas, estariam distorcidas. Em seu livro mais recente, Outrages (ainda sem tradução para o Brasil), no qual discute a criminalização da homofobia na Inglaterra, foi apontado um erro na edição durante uma entrevista da autora à BBC, em 2019, a duas semanas do lançamento. Ao analisar as execuções de homossexuais no século XIX, ela mal-interpretou o termo “morte registrada” (“death recorded”, em inglês): usado para registrar uma sentença de morte, o jargão ao mesmo tempo indicava que a intenção do juiz era de perdoar o condenado, ou comutar a pena. Na obra de Naomi, a expressão equivocadamente designa execução imediata – o que invalida boa parte da tese central.