Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Marcelo de Carvalho no alvo de 2 partidos para o governo de SP

Sócio e vice-presidente da RedeTV! fala sobre suas pretensões políticas

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 abr 2017, 10h07 - Publicado em 12 abr 2017, 15h45
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Sócio e vice-presidente da RedeTV!, Marcelo de Carvalho pode ser visto todo sábado no game show O Céu É o Limite, em programas e entrevistas em que fala do casamento com a apresentadora Luciana Gimenez, ou, mais recentemente, nas chamadas e comunicados que tratam da saída de sua emissora, do SBT e da Record da maior parte das operadoras de TV por assinatura. Mas, se tudo caminhar como o esperado, o empresário vai começar a aparecer, também, no noticiário político. Recentemente, ele revelou que tem, sim, pretensões políticas. A VEJA, Carvalho conta como a eleição de João Doria (PSDB) para a Prefeitura de São Paulo teve papel fundamental na decisão e adianta que dois partidos já o procuraram para que se candidate ao Governo do Estado de São Paulo em 2018.

    Confira a entrevista:

     

    Que cargo o senhor almeja? Já há conversas com partidos? Prefeito não vou dizer, porque estamos muito bem servidos com o Doria. Não sei o que ele pretende para a carreira política dele, mas acredito que vai terminar o mandato. Não acho que ele vá atropelar o Geraldo Alckmin na corrida à Presidência, ele é o candidato natural do PSDB. Dois partidos me fizeram propostas e me pediram sigilo até que eu me decidisse. Os dois me procuraram para eu me candidatar a governador de São Paulo em 2018. 

    O senhor escreveu, na Folha de S.Paulo, que a corrupção é parte do Brasil desde o Império e que a Lava Jato estaria paralisando o país. Ainda pensa assim? A corrupção é parte do Brasil, não sei se desde o Império ou se desde as primeiras tribos do neolítico. Provavelmente, se você voltar às grandes obras do passado, à construção de Brasília, àquelas realizadas no governo Vargas, ou até a Pero Vaz de Caminha, você vai encontrar corrupção. A Lava Jato é uma bênção nesse sentido, porque estabelece que a gente tem que seguir as regras. Mas o dinheiro que estamos conseguindo de volta com a Lava Jato é um pequeno percentual do roubo — o grande, que é está no superfaturamento da obra, infelizmente, não vão pegar. Porém, se os caras ficarem com medo por causa da operação e pararem de roubar, já é um ganho. Só acho que a Lava Jato não pode ser a única agenda do país. Tem muito político e empresário que não é corrupto. A maior pauta tem que ser como vamos fazer o Brasil voltar a crescer. O melhor programa social existente no mundo é a geração de emprego.

    A Lava Jato não pode ser a única agenda do país. Tem muito político e empresário que não é corrupto. A maior pauta tem que ser como vamos fazer o Brasil voltar a crescer

    Continua após a publicidade

    O senhor diria que é de direita? Eu sou direito, sou muito honesto. Não tenho o menor engajamento filosófico com quem quer que seja. Não sou nem de direita, nem de esquerda, nem da vertical e nem da horizontal. Eu abomino os extremos. Mas, realmente, existem determinadas filosofias que se provaram erradas e nas quais não adianta insistir. Dizer: “Vamos instalar a república comunista brasileira!”. Não vamos, desculpa. Isso é como dizer que vamos voltar à pré-história e usar tacape, machadinha. Da mesma maneira, não dá para defender ideologias neonazistas, de extrema direita. Eu sou um desenvolvimentista.

    O senhor apareceu em comunicados informando o desligamento do sinal de emissoras da Simba na TV paga e também foi ao SBT, no Programa do Ratinho, falar sobre o assunto. Acha que, de certa forma, se tornou o rosto desse movimento? Não tenho nenhuma pretensão de ser o rosto, tenho orgulho de ser um deles. O Brasil é impressionante, porque aqui temos a capacidade de discutir coisas que são indiscutíveis. Existe uma lei, do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC), que diz que a partir da implantação do sinal digital a distribuição do conteúdo deve ser feita somente com o consentimento das emissoras. É lei, não estamos criando nada. A Globo já recebe por seu sinal – e que bom, que sorte a dela, não tenho nada contra ela receber. Mas que as operadoras paguem os outros! Não queremos que a conta para o assinante aumente. Queremos é que as operadoras tirem do que já recebem. Segundo um estudo da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA), cerca de 60% a 70% de tudo o que as pessoas veem na TV paga são canais abertos. Se o meu negócio está gerando bilhões de receita para eles, a única coisa que eu estou pedindo é que eles me paguem, me paguem um pouquinho. Uma coisa é certa: nunca mais existirá a transmissão não-onerosa, acabou.

    Marcelo de Carvalho
    Marcelo de Carvalho, empresário e apresentador, sócio e vice-presidente da RedeTV! (Ricardo Matsukawa/VEJA.com)

    Há má vontade por parte das operadoras de TV paga para negociar com a Simba? A Vivo já começou a entrar em acordo, assim como a Oi. Todas, com exceção da Sky, estão conversando, negociando, como é do direito delas. A Sky tem uma postura arrogante e não inteligente. Acho muito difícil que uma senhorinha, um senhorzinho, fique em casa e não vá querer assistir ao Silvio Santos no fim de semana. Eles vão acabar cancelando a assinatura de TV paga.

    Desde o corte do sinal na TV paga, houve queda de audiência dos programas. Essa audiência não está fazendo falta? Eu, particularmente, estou feliz com a queda e gostaria que ela fosse ainda maior. É a comprovação da nossa importância para a TV paga. Se não tivesse caído, significaria que ninguém assiste às nossas redes. Paradoxalmente, é uma vitória muito grande para nós.

    “Jesus é pop, eu não estou vendendo horário da RedeTV! para apologia do mal, mas sim para igrejas que pregam o bem, que curam viciados, que fazem um trabalho social importante — e estou pagando as minhas contas”

    Continua após a publicidade

    Qual a maior pretensão da RedeTV? Nosso maior desafio atualmente é ter um projeto de dramaturgia. Fazemos muito bem muitas coisas: game shows, jornalismo, transmissões esportivas, linha de shows e jornalismo de celebridades. Mas é inconcebível que uma rede de televisão não tenha um projeto de dramaturgia. Só que jamais faríamos novelas — queremos investir naquilo que acreditamos ser a tendência mundial em dramaturgia, que é série. A mulher, que é um fator preponderante, hoje corresponde a mais de 50% da força de trabalho brasileira. Ela chega mais tarde em casa e é muito difícil para ela se apegar a 180 capítulos de uma mesma coisa, é muito mais fácil ela ver uma coisa semanal, seja uma série ou uma minissérie. Queremos trabalhar com autores nacionais, jovens, arrojados, e com temas que não sejam “coxinha” — em que você pode subverter o politicamente correto, com anti-heróis como o Walter White, de Breaking Bad, por exemplo.

    Já há algum plano concreto para o investimento em dramaturgia? Nós tínhamos um plano em 2015, mas no ano passado pisamos o breque, porque 2016, nos 35 anos em que trabalho com televisão, foi, sem dúvida nenhuma, um dos mais difíceis para o mercado publicitário. Antevendo uma recuperação econômica no segundo semestre de 2017, nós pretendemos retomar devagar os planos para a implantação desse núcleo. Aí vamos começar a receber roteiro e montar uma estrutura – já compramos uma área física aqui no nosso lote de mais 25.000 metros quadrados onde a gente construiria uma cidade cenográfica e novos estúdios. Sendo bem pé no chão, acho que vamos poder ver as primeiras produções no segundo semestre de 2018.

    Marcelo de Carvalho
    Marcelo de Carvalho, empresário e apresentador, sócio e vice-presidente da RedeTV! (Ricardo Matsukawa/VEJA.com)

    A RedeTV! já cogitou parar de vender horários para as igrejas? O mercado publicitário brasileiro tem uma anomalia. No mundo inteiro, em todos os países civilizados, o fator determinante na alocação das verbas de propaganda é audiência. No Brasil, há um desvio que se chama BV (bonificação por volume), é um rebate que os veículos dão às agências de propaganda. Historicamente, o veículo que dava todo esse rebate era a Rede Globo, que tem de 34% a 36% de audiência, mas recebe das grandes agências mais de 80% da publicidade. A concentração não justificável, absurda, faz com que uma emissora fique com boa parte dos investimentos e as demais tenham que dividir o restante. Para a sobrevivência, os canais buscam técnicas que não são exatamente ortodoxas. Elas valem? Sim, a única coisa que não é válida é você não pagar suas contas, atrasar sua folha de pagamento, não quitar seus impostos, não honrar sua dívida com seus fornecedores. Nossa visão é pragmática: se eu tiver que vender horários que não são estratégicos para telemarketing e concessionárias, eu vou vender. Jesus é pop, eu não estou vendendo para apologia do mal, mas sim para igrejas que pregam o bem, que curam viciados, que fazem um trabalho social importante — e estou pagando as minhas contas.

    Quanto essa venda representa na receita da emissora? Entre 10% e 20% vem da venda de horários, não só para igrejas, mas também para telemarketing, programas terceirizados etc. Em uma empresa, esses 10% ou 20% fazem a diferença para você fechar a conta ou não. Nós precisamos dessa renda, precisamos de todas as receitas.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.