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Livro ‘desvenda’ o misterioso desaparecimento de Agatha Christie

Escrito por Marie Benedict, 'O Mistério de Agatha Christie' une ficção e realidade para relatar o curioso sumiço de 11 dias da autora inglesa

Por Amanda Capuano Atualizado em 12 jan 2022, 18h01 - Publicado em 31 dez 2021, 10h00

No dia 4 de dezembro de 1926, um calhambeque Morris Cowley foi encontrado às margens de uma estrada na reserva de Newlands Corner, em Surrey, sudoeste da Inglaterra. No banco traseiro, um casaco feminino e uma carteira de motorista denunciavam a dona: a escritora Agatha Christie (1890-1976), rainha da literatura policial. Procurado pelos investigadores, o marido Archibald Christie (1889-1962) disse desconhecer o paradeiro da esposa. Nos dias que se seguiram, a polícia se debruçou sobre um mistério que parecia saído diretamente da mente engenhosa de Agatha. Os tabloides noticiaram tudo como se fosse uma grande novela, e até Arthur Conan Doyle (1859-1930), criador de Sherlock Holmes, se uniu às buscas. O desfecho, porém, deixou pontas soltas: Agatha foi encontrada onze dias depois, hospedada em um hotel com um nome falso e desmemoriada. Agora, o livro O Mistério de Agatha Christie, lançado este mês pela Editora Planeta, tenta preencher as lacunas com uma boa dose de ficção. “Ninguém realmente sabe o que aconteceu. Ela disse que teve amnésia e se recusou a falar sobre o assunto. Há vários registros sobre o desaparecimento, mas Agatha não comentou praticamente nada”, disse a autora Marie Benedict em entrevista a VEJA.

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Unindo ficção e realidade, o livro se divide em duas partes que se intercalam ao longo da narrativa. Em uma delas, Agatha descreve sua vida na Inglaterra do começo do século XX e o início apaixonado do relacionamento com o marido, um romance que desagradava ambas as famílias. Na outra, a história é contada por Archie, um dos principais suspeitos do desaparecimento da amada (como de fato aconteceu), que expõe a derrocada do casal, então à beira de um divórcio em razão da infidelidade dele. Fiel aos registros históricos, a trama narrada por Agatha foi escrita tomando como base sua biografia, além de cartas e registros da época que relatam a relação turbulenta com o marido. Já o fio puxado por Archie começa com ele queimando uma carta ficcional deixada pela esposa antes de seu desaparecimento e se desenrola em um saboroso thriller criminal que instiga o leitor a desvendar uma intricada trama sobre o que realmente aconteceu naquele período.

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‘O Mistério de Agatha Christe’, de marie Benedict, um thriller saboroso sobre desaparecimento real da rainha do crime (Editora Planeta/Instagram)

A narrativa conduzida por Archie, no entanto, não veio do nada. Para escrever o mistério, Marie se debruçou por anos sobre o extenso acervo literário de Agatha, devorando cada livro em busca de pistas escondidas. “Ela escrevia ficção, mas autores deixam um pouco de si nas entrelinhas. Tive que ser como um de seus detetives e caçá-la nos livros”, explica. Embora tenha lido todos, ela deu atenção especial aos escritos pouco antes do desaparecimento. “Nos livros mais antigos, especialmente em O Homem do Terno Marrom, ela é alegre, aventureira e esperançosa sobre o amor. A medida que nos aproximamos do sumiço, as obras vão ficando mais obscuras. O livro publicado logo antes do desaparecimento, O Assassinato de Roger Ackroyd, é um dos definidores do narrador não-confiável, aquele que mente para o leitor e não é realmente quem parece. Então comecei a pensar que ela era uma mulher genial escrevendo um livro sobre as máscaras que usamos para nos esconder e como poderia também ter usado uma durante esse período”, revela sobre a inspiração.

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Marie Benedict, autora de O Mistério de Agatha Christie (Anthony Musmanno/Editora Planeta/Divulgação)

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Autora de Senhora Einstein, que vira os holofotes para a esquecida esposa de Albert Einstein (1879-1955), e cientista brilhante Mileva Marić (1875-1948), Marie Benedict prefere se embrenhar na vida de mulheres desconhecidas. Não foi de pronto, portanto, que ela decidiu escrever sobre a célebre escritora. “Eu geralmente não escrevo sobre mulheres que são famosas e, quando escrevo, não falo sobre o que fez delas famosas, como no caso de Hedy Lamarr, que foi atriz nos anos 1930, mas também é a cientista responsável pela tecnologia que deu origem ao wi-fi”, explica citando o livro A Única Mulher. “Nós temos essa imagem da Agatha em seu terninho escrevendo livros que são adaptados para filmes até hoje e achamos que a conhecemos bem, mas sabemos pouco sobre como ela se tornou a pessoa que construiu todo esse legado. Tenho a sensação de que esse desaparecimento pode explicar um pouco sobre quem foi Agatha Christie” justifica. A especulação sobre o sumiço então dá lugar ao estudo de uma personagem que, para além de seu nome estampado em capas de livros famosos, pouco revelou sobre si mesma ao mundo. E tentar desvendá-la, por si só, já é uma aventura para lá de instigante. 

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