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Jards Macalé: ‘A besta-fera está presa dentro de todos nós’

Músico carioca faz neste sábado, 23, em São Paulo, o show de lançamento de 'Besta Fera', seu primeiro álbum de inéditas em vinte anos

Por Erich Mafra
Atualizado em 12 ago 2019, 21h46 - Publicado em 23 mar 2019, 08h00
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  • Após vinte anos de espera, o cantor e compositor Jards Macalé lançou nas plataformas digitais em fevereiro o disco de inéditas Besta Fera. Neste sábado, 23, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, o músico faz o show de lançamento (com ingressos esgotados) do novo trabalho, repleto de composições que passeiam por gêneros tão diversos quanto samba, bossa, jazz e rock, mas que mantêm coerência e unidade temática.

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    Um dos melhores álbuns de Macalé, Besta Fera é soturno, algo proveniente dos pensamentos do cantor. No folclore português, a besta-fera é um ser indefinido, que devora pessoas e não possui qualquer humanidade. Em entrevista a VEJA, Macalé afirma que “somos todos bestas-feras”. “Ela está presa dentro de todos nós. Uns conseguem domá-la, outros não”, diz.

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    (//Divulgação)

    O disco dialoga com as coisas mais desumanas do mundo, como uma iminente guerra nuclear ou a violência nas cidades, mas também possui um doce lirismo sobre questões humanas como o amor e a morte. Desses assuntos, aliás, o carioca de 76 anos entende: no ano passado, ele se casou com Rejane Zilles, com quem havia namorado antes por sete anos. Apenas doze dias após o casório, ele foi internado com uma broncopneumonia que “quase o levou”.

    No começo de 2019, perdeu o amigo Carlos Filho, fotógrafo conhecido como Cafi. É ele que assina a foto de capa do disco. “O Cafi estava com conjuntivite quando fez a foto, porém conseguiu obter esse resultado lindo”, afirma, satisfeito. Macalé contou com o apoio de outros parceiros antigos, que ajudaram a dar a Besta Fera o tom de um álbum já clássico da discografia do músico, como o poeta José Carlos Capinam, mas também de representantes do cenário contemporâneo da música brasileira, como membros da banda paulista Metá Metá, além de Tim Bernardes e Romulo Fróes.

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    A seguir, sua entrevista:

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    Por que você acha que somos todos besta-fera? Você veja essa mulher carioca (Elaine Caparroz), a paisagista, que recebeu o rapaz em casa. Estava tudo bem, mas no dia seguinte desceu-lhe a porrada. É uma besta-fera. O cara entra e nem parece que é capaz disso. A besta-fera está presa dentro de todos nós, meu caro. Uns conseguem domá-la, outros não.

    Por que tanto tempo para lançar um álbum de inéditas? É uma questão de produção. Apareceu o edital do Natura Musical, que nós ganhamos. O projeto era para um disco totalmente de inéditas – o compromisso era esse e cumprimos.

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    Se não fosse parte do compromisso? Demoraria mais um pouco.

    É importante se renovar? Mesmo quando trabalho com releituras, a minha leitura é totalmente nova para mim. Eu não repito nada. Então sempre tem esse ar de novidade.

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    Trevas é uma composição antiga sua, que foi gravada no ano passado para o disco. Acha que ela ganhou novo significado para o momento atual? Em 2018, a gente gravou Trevas, mas não esperávamos que 2019 seria assim nos primeiros dias (em referência a tragédias como a de Brumadinho e do CT do Flamengo). Haja trevas!

    O que acha do cenário político do Brasil? Um desastre. Um chefe de governo que elogia a ditadura e torturadores não pode ser muito bom, né? Ou melhor, não pode ser bom. Os povos do mundo inteiro estão sob governos totalmente absurdos. Donald Trump e o cara da Coreia do Norte (Kim Jong-un) são bestas-feras que colocam o mundo em risco…

    Como vai ser o show em São Paulo? Será tocado o disco na íntegra. A banda é formada por Thomas Harres (bateria), Pedro Dantas (baixo) e Gui Held (guitarra). Acrescido de mais dois músicos, um percussionista e um trombonista. E vai todo mundo que participou do álbum para cima do palco.

    Qual a sua relação com a cidade de São Paulo? Gosto muito. Se eu não passar pelo menos três dias em São Paulo por mês, sinto que não estou no Brasil. Mas não consigo morar na cidade por causa do horizonte (cheio de prédios e cinzento pela poluição). Já tentei, mas não consegui.

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