Gael García Bernal: ‘Filme ‘Viva’ é uma fábula do Dia dos Mortos’
Ator mexicano conversou com VEJA sobre a nova animação da Pixar, 'Viva — A Vida É uma Festa', na qual dubla o personagem Héctor
Gael García Bernal é um dos nomes latinos que conseguiu conquistar Hollywood de modo peculiar. O ator ganhou visibilidade logo no começo de sua carreira, com o filme mexicano Amores Brutos (2000), de Alejandro G. Iñárritu, seguido por dois outros também falados em espanhol: Má Educação (2004) e Diários de Motocicleta (2004). Desde então, ele mescla com desenvoltura papeis em sua língua natal e outros em inglês. Agora astro da TV americana, com a série Mozart in the Jungle, o ator dá um tempo em seu currículo de títulos adultos para, pela primeira vez, emprestar sua voz a um personagem de animação da Pixar.
Em Viva – A Vida É uma Festa, Bernal dubla, nas versões em inglês e espanhol, o personagem Héctor, amigo e mentor do protagonista Miguel no Mundo dos Mortos. O esquelético personagem tenta ajudar o menino enquanto se esforça para não ser esquecido no mundo dos vivos. Em entrevista a VEJA, o ator falou sobre a produção:
Com um olhar de fora, Viva – A Vida É Uma Festa traz um panorama muito bonito da cultura do México. Mas, sob a ótica de um mexicano, o filme faz jus ao Dia dos Mortos? Viva é um retrato genuíno do Dia dos Mortos. Apesar de ser comemorada em todo o México, a data gira em torno da bagagem pessoal de cada um – sua relação com os parentes falecidos, como nos lembramos deles, e por ai vai. O filme construiu uma fábula sobre estes pontos, e me encanta como souberam traduzir a tradição para todos os públicos.
Levou algo de suas experiências pessoais para o Héctor? Não, não há nada meu no Héctor. Claro, eu sou mexicano, minha família é mexicana e comemoro o Dia dos Mortos todos os anos. Divido com o personagem a importância que damos para a data.
Você comemora a data mesmo quando está nos Estados Unidos a trabalho? Sim. O Dia dos Mortos ainda tem bastante presença na minha vida. Costumo montar um altar, lembrar dos que se foram, fazer oferendas, tudo ao lado da minha família e filhos.
Culturas de fora dos Estados Unidos tem ganhado grande destaque nas animações. Por que esse fenômeno acontece agora? Acredito que sempre houve algo de outros países nas animações. Aristogatas, por exemplo, se passa na França; Mogli: O Menino Lobo, na Índia. Mas entendo o que você quer dizer. As diferentes culturas estão chegando agora aos grandes estúdios. A Pixar, em particular. Fazer um filme sobre a cultura do Dia dos Mortos era extremamente importante neste momento, por sua mitologia muito particular – como outras, que renderiam tantos outros filmes.
Como anda sua relação com as produções brasileiras? Ultimamente não tenho visto muitas coisas, mas tenho bastante amigos brasileiros – Hector Babenco, por exemplo, era um amigo querido. Walter Salles e Fernando Meirelles também são. Então sempre estou muito em contato a cultura do seu país. O Brasil tem um lugar especial na minha alma.
Quais são seus próximos projetos? No momento, estou trabalhando em um filme mexicano chamado Museu, que vai estrear em 2018. Também estamos preparando a quarta temporada de Mozart In The Jungle.