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Festival de Berlim tem José Padilha e realidade brasileira

Cinco documentários nacionais são exibidos no evento, que começa nesta quinta-feira

Por Mariane Morisawa, de Berlim
Atualizado em 15 fev 2018, 08h29 - Publicado em 15 fev 2018, 08h29
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  • Vencedor do Urso de Ouro em 2008 com Tropa de Elite, o brasileiro José Padilha está de volta ao Festival de Berlim, que começa nesta quinta-feira, desta vez fora de competição e com uma produção internacional. 7 Dias em Entebbe traz no elenco a inglesa Rosamund Pike e o alemão Daniel Brühl e fala do sequestro do avião da Air France na rota Tel Aviv-Paris, em 1976. Se no elenco principal não há brasileiros, a equipe é majoritariamente nacional: o diretor de fotografia é Lula Carvalho, o editor, Daniel Rezende, e a música é do ex-Los Hermanos Rodrigo Amarante.

    Como de costume, o Festival de Berlim vem forte com produções brasileiras. A seção Panorama Documento tem quatro representantes do país. Depois de apresentar Como Nossos Pais ano passado, Laís Bodanzky retorna como produtora de Ex Pajé, de Luiz Bolognesi. O documentário mostra a luta de Perpera, um antigo pajé da tribo Paiter-Suruí, para restabelecer a harmonia de seu povo frente ao avanço da tecnologia.

    Já Maria Augusta Ramos, que fez dois filmes sobre a justiça brasileira, volta ao tema acompanhando o impeachment e a remoção da presidente Dilma Rousseff em O Processo. Claudia Priscilla e Kiko Goifman dirigem em parceria Bixa Travesty, sobre a artista pop transgênero Linn da Quebrada.

    Já o brasileiro radicado na Alemanha Karim Aïnouz mostra Zentralflughafen THF (“aeroporto central THF”, em tradução livre), sobre o uso de um antigo aeroporto nazista em Berlim como abrigo temporário para refugiados. A mostra Forum Expandido tem Eu Sou o Rio, sobre o artista Tantão, dirigido por Gabraz Sanna e Anne Santos.

    O Brasil também comparece com filmes de ficção. Os gaúchos Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, que exibiram Beira-Mar na seção Forum em 2015, agora apresentam Tinta Bruta na mostra Panorama. É a história de Pedro, que ganha a vida na internet incorporando o personagem NeonBoy. Eduardo Nunes vai com Unicórnio, estrelado por Patricia Pillar, na seção Geração 14+, sobre uma menina no interior do Brasil.

    Dois curtas brasileiros participam da mostra competitiva: o documentário Terremoto Santo, sobre um grupo de evangélicos no Nordeste, dirigido por Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, e a ficção Alma Bandida, de Marco Antônio Pereira. Co-dirigido pelo português João Salaviza e pelo brasileiro Ricardo Alves Jr., Russa também está na competição.

    Já na disputa do Urso de Ouro, o Brasil participa apenas como co-produtor de Las Herederas (“as herdeiras”), de Marcelo Martinessi – é a primeira vez que um filme do Paraguai participa da competição de longas. Entre os 19 concorrentes, há outro latino-americano, Museo (“museu”), do mexicano Alonso Ruizpalacios, estrelado por Gael García Bernal.

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    Duas produções são americanas – Damsel (“donzela”, na tradução livre), western com Robert Pattinson, dirigido por David e Nathan Zellner, e Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot (“Não se preocupe, ele não vai longe a pé”), de Gus Van Sant, com Joaquin Phoenix.

    O americano Wes Anderson abre o Festival de Berlim nesta quinta-feira, com a animação em stop motion Isle of Dogs (“Ilha dos cães”), mas se trata de uma co-produção entre Reino Unido e Alemanha. Outros doze filmes da competição vêm da Europa, e dois, da Ásia.

     

    Destaques:

    Isle of Dogs, de Wes Anderson

    Depois de O Fantástico Sr. Raposo, o texano Wes Anderson faz outra animação em stop motion, desta vez sobre uma ilha no Japão onde ficam cães abandonados.

     

    Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot, de Gus Van Sant

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    Baseado na história do cartunista John Callahan, o filme do diretor americano mostra um homem que acorda de uma bebedeira num hospital, tetraplégico.

     

    Transit, de Christian Petzold

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    Cena do filme Transit (Reprodução/Divulgação)

    O diretor alemão continua a investigar o passado de seu país, desta vez contrapondo os refugiados judeus do passado europeu aos de hoje.

     

    Damsel, de David e Nathan Zellner

    Neste faroeste cômico, Robert Pattinson interpreta Samuel, que enfrenta o Velho Oeste em procura de Penélope, com quem pretende se casar.

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    Ang Panahon ng Halimaw, de Lav Diaz

    O cineasta filipino continua sua exploração do passado traumático do seu país com este filme, que descreve como uma ópera rock sobre uma comunidade oprimida.

     

    Las Herederas, de Marcelo Martinessi

    Chela e Chiquita formam um casal e vivem de herança. Mas dificuldades financeiras fazem com que Chiquita seja presa, e as duas encarem a verdadeira realidade do Paraguai.

     

    7 Dias em Entebbe, de José Padilha

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    O brasileiro José Padilha se baseia em informações recém-descobertas sobre o sequestro de um avião na década de 1970 por palestinos e alemães.

     

    Unsane, de Steven Soderbergh

    O diretor americano adora uma novidade. Desta vez, ele filmou com um celular a história de uma jovem (Claire Foy) que não sabe se tem problemas mentais.

     

    O Processo, de Maria Augusta Ramos

    A diretora de Justiça e Juízo filmou o processo político-jurídico que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff para mostrar a estrutura de poder e o sistema judiciário brasileiro.

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    Zentralflughafen THF, de Karim Aïnouz

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    Cena do documentário ‘Zentralflughafen THF’, de Karim Aïnouz (Reprodução/Divulgação)

    O brasileiro Karim Aïnouz, que mora na Alemanha, acompanha a vida dos refugiados no aeroporto de Tempelhof, que foi usado pelos nazistas e hoje serve de abrigo para esses imigrantes.

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