“Eu gosto de sucesso. Não saberia viver bem sem sucesso, não trabalho para pouca gente”, afirmou a atriz Eva Todor, que morreu neste domingo, dia 10, aos 98 anos, vítima de complicações causadas por uma pneumonia. Atriz europeia que fez longa no teatro nacional, Eva alcançou a fama que acalentava graças a personagens carismáticas das novelas da Globo. A atriz, que já havia sido diagnosticada com a Doença de Parkinson, foi admitida em fevereiro na Clínica São José, na zona sul do Rio de Janeiro, com quadro de pneumonia, e estava em internação domiciliar antes de falecer. Sua última aparição na TV foi uma participação na novela Salve Jorge, em 2012.
Nascida em 1919, na cidade de Budapeste, Hungria, a pequena Eva Fodor, com F mesmo, filha de judeus húngaros, já se interessava pelos palcos. Antes mesmo dos dez anos, se apresentava na Ópera Real de Budapeste, como bailarina. No entanto, em 1929, sua família teve de abandonar o país, por conta das dificuldades causadas pela Primeira Guerra. Desembarcaram no Brasil, terra onde Eva se consagraria renomada atriz. Com ajuda da jornalista Maria Ângela de Jesus, Eva Todor conta em sua autobiografia que, apenas quando se familiarizou com o português que resolveu trocar seu nome para Eva Todor, para não ser confundida com o palavrão ao qual seu nome remetia.
Dois anos depois, já acostumada com a rotina no Brasil, Todor fez um teste para a peça de teatro “Quanto Vale uma Mulher?”, de Luiz Iglesias. A estreia foi em 1934 e a afinidade entre a atriz e o diretor era tão grande que, em 1936, acabaram se casando. A parceria deu certo, Iglesias passou a escrever apenas papéis que se encaixavam naquilo que Eva Todor sabia fazer melhor. Em 1940, o então presidente Getúlio Vargas foi ao Thatro Municipal, assistir uma das peças que contavam com a atuação de Eva. Encantado com o trabalho, visitou o camarim momentos após a apresentação e perguntou pessoalmente se ela queria se naturalizar brasileira. Assim foi feito e pouco tempo depois, a papelada estava pronta, segundo relatado para o jornalista pernambucano Sérgio Maggio, do Diário de Pernambuco.
Por duas décadas, a atriz se manteve no teatro. Foi a partir da década de 1960 que Eva Todor se aventurou pelo cinema, participando do elenco de “Os Dois Ladrões”, e “Pão, Amor e… Totobola” (1964), sempre em papéis divertidos e de comédia.
A fama nacional, contudo, foi conquistada graças a seus papéis em novelas. Eva fez mais de vinte personagens em tramas diárias, séries e especiais – muitos deles exploravam sua veia humorística e a figura de mulher afrancesada e classuda. Talvez seu papel mais conhecido tenha sido a Kiki Blanche, de Locomotivas (1977).