No palco, bailarinos capricham nas coreografias de funk ao som de canções como o clássico Rap da Felicidade (aquele do “Eu só quero é ser feliz”), dos MCs cariocas Cidinho e Doca. Na plateia, quase toda de preto – traje quase padrão para os fãs de bandas como Iron Maiden e Scorpions – as pessoas dançam animadas até o chão. Estreante no Rock in Rio, o Espaço Favela fez sucesso até entre os metaleiros nesta sexta 4.
Diferentemente do que ocorreu na edição de 2001 do Rock in Rio, quando o público do rock mais pesado reagiu mal à diversidade – Carlinhos Brown foi vaiado e agredido com copos d’água -, a convivência, desta vez, foi pacífica.
Para o engenheiro Antonio Carlos Fonseca, de 57 anos, a novidade foi um acerto da organização do evento. “Sou carioca e as músicas tocadas no Espaço Favela falam muito comigo. Além disso, as danças e o cenário estão muito bonitos”, disse.
As irmãs Marcia e Carla Pintas, de 48 e 51 anos, vieram de Brasília, onde moram, e ficam impressionadas com o show de funk. “Viemos para ver o Iron Maiden, mas diante de uma apresentação boa como essa não tem como não parar para assistir”, disse Carla.
Apesar dos elogios dos metaleiros, o festival chegou a ser acusado de apropriação cultural e preconceito por fazer um palco separado para os artistas de favelas. Em entrevista a VEJA, o curador do Espaço Favela e do Palco Sunset, Zé Ricardo, afirmou que a crítica é infundada e que os artistas que lá se apresentam aprovaram a iniciativa.
Para ele, quem critica não considera que 200 pessoas foram empregadas pelo espaço. Para ele, o morador de favela que não frequenta o Rock in Rio se sente representado “quando vê seu vizinho na televisão”.