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Escândalo sexual pode cancelar o Nobel de Literatura 2018

A ideia seria recuperar a confiança e reparar as feridas, e em compensação seriam outorgados dois prêmios de Literatura no ano que vem

Por agência EFE
Atualizado em 25 abr 2018, 18h27 - Publicado em 25 abr 2018, 17h07

A Academia Sueca estuda não conceder o Nobel de Literatura neste ano por causa do escândalo de vazamentos e supostos abusos sexuais que criou uma crise na instituição e resultou na saída de cinco membros. A informação foi confirmada pelo presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin, à emissora de televisão pública SVT.

Várias pessoas do Comitê do Nobel de Literatura e a Academia Sueca consideram que o prêmio não deveria ser concedido desta vez, como forma de recuperar a confiança e reparar as feridas, informou a emissora pública SR, que citou fontes não identificadas dessa instituição.

Em compensação, seriam outorgados dois prêmios de Literatura em 2019, um correspondente ao ano anterior, segundo uma ideia apoiada por Peter Englund, um dos membros que deixou a academia. “Estamos em meio a uma discussão, não vou dizer nada, mas daqui a pouco tudo vai se resolver”, declarou à emissora o secretário da Academia Sueca, Anders Olsson.

Já um dos membros da academia, Per Wästberg, disse à SVT que antes de duas semanas não haverá uma resposta definitiva sobre o assunto. Por outro lado, o diretor da instituição, Göran Malmqvist, desmentiu o site do jornal Dagens Nyheter, que disse que o prêmio não será concedido, embora tenha admitido que houve uma proposta, mas a deu por descartada e considerou que seria “horrível” se acontecesse. A decisão sobre o prêmio, no entanto, não cabe a uma única pessoa, e sim deve ser tomada por todos os membros da academia, na qual o cargo principal é desempenhado pelo secretário permanente. O prêmio costuma ser anunciado em outubro.

O Nobel de Literatura já deixou de ser concedido em várias ocasiões, da mesma forma que os outros prêmios da academia, durante as guerras mundiais do século passado, mas nunca por outros motivos.

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Entenda a crise

O escândalo explodiu em novembro, quando o jornal Dagens Nyheter publicou a denúncia anônima de dezoito mulheres por abusos e humilhações sexuais contra o dramaturgo Jean-Claude Arnault, muito vinculado à Academia através do seu clube literário e marido de um de seus membros, Katarina Frostenson.

A Academia cortou relações com Arnault e determinou uma auditoria sobre suas relações com a instituição, mas desacordos internos nas medidas a tomar provocaram renúncias, acusações e demissões, entre outros, da secretária, Sara Danius, e de Frostenson. A Academia Sueca decidiu na quinta-feira passada publicar a auditoria e entregá-la às autoridades, além de anunciar reformas.

O relatório descarta que Arnault possa ter influenciado prêmios, embora o apoio econômico recebido descumpra as regras de imparcialidade por sua esposa ser coproprietária da sociedade que controla o clube; e confirma que a confidencialidade sobre o ganhador do Nobel foi violada em várias ocasiões.

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Entre as mudanças no funcionamento da instituição, está a reforma dos estatutos proposta pelo rei Carlos XVI Gustavo, protetor da Academia, para permitir a renúncia real dos seus membros, por desejo próprio ou após dois anos sem participar ativamente, e a possibilidade de que sejam substituídos.

As renúncias são simbólicas e só se traduzem em não participar de votações e atividades, já que a filiação à instituição é vitalícia e só se elegem novos membros quando morre algum deles.

As últimas saídas deixaram a academia com apenas onze dos dezoito assentos ocupados, um a menos que os necessários para escolher novos membros e tomar decisões, como as relativas ao Nobel.

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