O coletivo És Uma Maluca convocou o público e artistas do Rio de Janeiro para um ato a ser realizado nesta segunda-feira, 14, em frente à Casa França-Brasil (CFB) em protesto à proibição da performance que fecharia no domingo 13 a mostra Literatura Exposta, em cartaz desde o ano passado na instituição cultural. O grupo afirma em suas redes sociais que a performance vetada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa será realizada nesta segunda na rua, para os espectadores que comparecerem ao protesto, contra o que os artistas consideram um ato de censura do governo do Estado do Rio de Janeiro. Os posts pedem para que os apoiadores estejam no local a partir das 18 horas.
A participação do grupo na exibição tem causado reações do tipo desde o ano passado. A obra, um bueiro ocupado por 6.000 baratas de plástico com a gravação em áudio da homenagem feita em 2014 pelo atual presidente Jair Bolsonaro a Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel conhecido pela coordenação da tortura a presos políticos pela ditadura militar, teve de ser alterada. Em ironia ao pedido da Secretaria do Estado da Cultura do Rio de Janeiro de tirar a fala de Bolsonaro, o coletivo substituiu o som da obra pela leitura de receitas de bolo, um recurso usado pelos jornais censurados durante os anos de chumbo.
A performance que o grupo promete realizar na rua foi inteiramente vetada. De acordo com a Secretaria, a razão do veto à encenação se deve a problemas contratuais. Em nota à imprensa, o órgão informou que a apresentação pretendida pelo És Uma Maluca não foi corretamente descrita no contrato. O grupo diz que considera a decisão arbitrária. “A situação é grave pois indica mais um atentado à produção simbólica e cultural dentro do contexto que entramos há apenas duas semanas.”