Emerald Fennell, a atriz de ‘The Crown’ que chacoalhou o Oscar 2021
Atriz comprovou sua versatilidade ao escrever, produzir e dirigir o filme 'Bela Vingança', indicado a cinco estatuetas na premiação
![Emerald Fennell como Camila Parker-Bowles, em The Crown.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/04/TheCrown_308_Unit_00254_RC.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Com a popularidade da série The Crown, a atriz inglesa Emerald Fennell, 35 anos, fez um pedido peculiar a seu agente: ela queria interpretar Camila Parker-Bowles, esposa do príncipe Charles. Impopular por ser taxada como a mulher que “roubou” o herdeiro ao trono da querida princesa Diana, a Duquesa da Cornualha era uma personagem que atraia a curiosidade de Emerald. “Sempre achei que ela poderia ser alguém injustiçada”, disse em entrevista à Vogue. A atriz conseguiu o papel e provou ser capaz de revelar camadas pouco conhecidas de Camila. A mesma habilidade para olhar além da superfície foi levada por ela para os bastidores. Emerald se jogou no papel de produtora, roteirista e diretora de um longa-metragem com Bela Vingança, em que a protagonista, vivida por Carey Mulligan, se vinga de homens que tentam tirar proveito de mulheres bêbadas. O filme, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 22, surpreendeu e conquistou cinco indicações ao Oscar, entre elas três para a Emerald: melhor roteiro, direção e melhor filme.
Com a nomeação, Emerald fez história ao lado de Chloé Zhao, de Nomadland. É a primeira vez que duas mulheres são indicadas à categoria de melhor direção no Oscar — e Chloé é favorita ao prêmio deste ano. Em 92 anos, a Academia de Hollywood só premiou uma diretora mulher, Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror, em 2010.
A ideia para Bela Vingança surgiu em 2017, quando Emerald percebeu ao seu redor as muitas histórias de mulheres abusadas enquanto não podiam reagir. Apesar da pouca experiência, ela escreveu o filme decidida a dirigi-lo: e assim o fez enquanto estava grávida de sete meses. “É uma história sombria e eu queria dirigir de um modo peculiar. Outro diretor teria feito um filme diferente”, contou em entrevista a Elle canadense.
![-FILME PROMISING YOUNG WOMAN 15.jpg A TEIA DA ARANHA - Mulligan, como Cassandra, e Fennell, no destaque: predadores viram presa -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/04/FILME-PROMISING-YOUNG-WOMAN-15.jpg.jpg?quality=70&strip=info&w=650)
Nascida em Londres, Inglaterra, Emerald vem de uma família artística. É filha do designer de jóias Theo Fennell e da autora Louise Fennell. Sua irmã, Coco, é estilista. No cinema, a atriz já fez parte de filmes como Anna Karenina, de 2012, e A Garota Dinamarquesa, de 2015. No universo das séries, ganhou destaque ao interpretar a enfermeira Patsy Mount em Call the Midwife, além da já citada The Crown.
A habilidade com as palavras, porém, é algo que há tempos ela experimenta. Emerald escreveu três livros infantis e o terror adulto Monsters, lançado em 2015. Ela assina ainda a peça musical Cinderella, com canções compostas por ninguém menos que Andrew Lloyd Webber, a mente por trás de Cats e O Fantasma da Ópera. O espetáculo estava marcado para estrear em agosto de 2020, mas, em função da pandemia, foi adiado para julho deste ano em West End (a “Broadway” britânica).
Sua transição para o outro lado das câmeras é recente. Em 2019, ela assumiu o cargo de showrunner e roteirista da segunda temporada de Killing Eve. Em entrevista ao The New York Times, a inglesa contou que se envolveu com a série quando Phoebe Waller-Bridge, criadora e produtora, anunciou que cada temporada teria uma showrunner mulher diferente. As duas já haviam trabalhado juntas no passado e são amigas há quase dez anos. O roteiro de Emerald em Killing Eve, inclusive, lhe rendeu uma indicação ao Emmy, em 2019.
![GettyImages-1096723432 (1) Sally Woodward Gentle, Emerald Fennell, Sandra Oh, Fiona Shaw, e Jodie Comer, de Killing Eve.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/04/GettyImages-1096723432-1.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
![GettyImages-1304648528 (1) Emerald Fennell, David Fincher, Regina King, Aaron Sorkin, e Chloé Zhao durante a indicação do prêmio de melhor diretor no Globo de Ouro deste ano.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/04/GettyImages-1304648528-1.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Promissora, Emerald reforça um movimento recente de mulheres polivalentes, envolvidas em todas as camadas da criação de tramas fortes e bastante femininas. Caso da amiga Phoebe Waller-Bridge com a premiada comédia Fleabag, e de Michaela Coel, com a chocante I May Destroy You. Curiosamente, as três são inglesas. Para escrever de vez o nome em Hollywood, porém, a prova de teste é chegar a um blockbuster. Phoebe escreveu o roteiro do próximo 007. Michaela passou por Star Wars. Já Emerald foi confirmada como roteirista do filme live-action de Zatanna, heroína da DC Comics. O futuro parece brilhante.