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Série ‘Killing Eve’ explora obsessão mútua entre heroína e vilã

Em sua terceira temporada, o peculiar thriller soma oito indicações ao Emmy com sua trama sobre a relação entre uma agente do MI6 e uma psicopata

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 ago 2020, 16h35 - Publicado em 21 ago 2020, 06h00

Em uma belíssima mansão na Toscana, na Itália, a estonteante Villanelle (Jodie Comer) se mistura entre os convidados de uma festa. Ela atrai para um dos quartos o patriarca da família. A loira de olhos castanhos esverdeados passa os dedos pela colcha de seda que cobre a cama e pergunta de que marca é — ao que ele, ainda enfeitiçado, balbucia o nome da grife. Tão logo obtém a informação, a moça lentamente tira o prendedor do cabelo. O adereço pontiagudo esconde um veneno, e ela o usa para apunhalar violentamente o olho do homem desavisado. A fria e sorridente assassina de aluguel já tem um fim para parte de seu pagamento: comprará elegantes e exclusivíssimos lençóis de seda. Assim Villanelle, alcunha afrancesada que oculta a real identidade da russa Oksana Astankova, se apresenta na primeira temporada da série Killing Eve. Com uma aflitiva crueldade, que só compete em fervor com sua paixão por roupas caras, a jovem psicopata não demora a cair no radar de Eve Polastri (Sandra Oh), agente que ascende do serviço de inteligência britânico MI5 a seu correspondente internacional MI6, em Londres. Hipnotizada pelas habilidades da assassina, Eve se enrola numa sangrenta e autodestrutiva espiral para capturá-la. A finalidade é subvertida na jornada, como indica a terceira temporada da série, que acaba de chegar ao Brasil pela Globoplay: se a vilã for de fato detida, a heroína perde parte de sua razão de existir.

Lançada em 2018, Killing Eve renova a dinâmica da relação “gato e rato”, formato da ficção criminal que encontra exemplos clássicos em personagens como Sherlock Holmes e seu eterno rival Moriarty (leia quadro). Nesse tipo de roteiro, a tensão entre heróis e vilões não é propriamente a busca da vitória, mas a caçada que se transforma em uma espécie de jogo de sedução perigoso, envolvendo desde admiração e parceria até atração sexual. Killing Eve transita desinibida por todas as opções disponíveis. A imprevisível e criativa trama tem assegurado não só sua longevidade, como também um acúmulo de prêmios: a terceira temporada soma oito indicações ao Emmy. Duas afinidades de potencial explosivo garantem tal sucesso. A primeira delas é a afiada atuação da ambígua dupla de protagonistas: Villanelle tem feições angelicais, mas é monstruosa e vazia; Eve é brilhante, mas atrapalhada e insubmissa. Nos bastidores está o segundo segredo da série: a sagacidade da roteirista inglesa Phoebe Waller-­Bridge (de Fleabag) se soma à ousadia de Luke Jennings, criador da trama. Devoto de Ian Fleming e John le Carré, o escritor — inglês como seus ídolos — verteu a fórmula dos romances de espionagem em uma série de novelas curtas, lançada em 2014 de forma independente e reunida recentemente no livro Codinome Villanelle.

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Os acertos da série vão da mistura de humor e terror psicológico até a aposta num elenco feminino luxuoso. A veterana do teatro britânico Fiona Shaw faz uma chefona do MI6. A terceira temporada é reforçada por duas outras mulheres. A francesa Camille Cottin surge como Hélène, uma das cabeças da organização criminosa global Os Doze, que patrocina Villanelle — em determinada cena, ela se divide entre a maternidade e uma reunião com duas assassinas. Já Harriet Walter, que também brilha em Succession, é Dasha, ex-atleta e assassina da KGB. Expulsa da ex-União Soviética, ela dá aulas de ginástica olímpica para crianças em Barcelona, enquanto mantém hábitos letais acobertados pela aparência de septuagenária. Em Killing Eve, enfim, nem tudo que parece cômico e inofensivo de fato é.

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OPOSTOS QUE SE ATRAEM
A relação ao estilo “gato e rato” criou embates memoráveis na ficção

SHERLOCK HOLMES E MORIARTY – (//Divulgação)

Sherlock Holmes e Moriarty
A solidão da genialidade leva o detetive e o vilão criados por Arthur Conan Doyle (1859-1930) a um instável vínculo, que se equilibra entre a admiração e o ódio. A dupla foi vivida com brilho recentemente por Benedict Cumberbatch e Andrew Scott na série Sherlock

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BATMAN E CORINGA – (//Divulgação)

Batman e Coringa
Pesadelo que assombra o Homem-Morcego, o palhaço criminoso surgiu na primeira revista em quadrinhos do herói, em 1940. De lá para cá, não o deixou em paz. Em Batman: o Cavaleiro das Trevas (2008), a disputa atinge a perfeição com Christian Bale e Heath Ledger

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CLARICE E HANNIBAL – (//Divulgação)

Clarice e Hannibal
Em O Silêncio dos Inocentes, a psiquiatra vivida por Jodie Foster no filme de 1991 estabelece laços incomuns com o psicopata (Anthony Hopkins). O jogo de sedução ajuda Clarice na caçada a outro serial killer — mas torna-se perigoso quando o soturno canibal escapa da prisão

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LUTHER E ALICE – (//Divulgação)

Luther e Alice
O detetive vivido por Idris Elba na série Luther (2010-2019) logo percebe que a “vítima” Alice Morgan (Ruth Wilson), na verdade, é a assassina dos próprios pais. Brilhante, ela não deixa rastros. À espera de um escorregão, ele se rende à moça, e o antagonismo vira parceria

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Publicado em VEJA de 26 de agosto de 2020, edição nº 2701

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