Elton John: bom show para público morno
O público, majoritariamente jovem, apreciou o show de maneira mais contemplativa. Do que se conclui que colocar Elton John entre ídolos teen -- além de Rihanna, a ninfeta Katy Perry -- e uma cantora de axé -- Claudia Leitte -- não foi a escolha mais acertada da organização do festival
O cantor e compositor britânico Elton John sacou de sua interminável coleção de óculos um exemplar que combinasse perfeitamente — até nas lentes — com a camisa — vermelha — que escolheu para se apresentar na noite de abertura do Rock in Rio IV. O show começou por volta da meia-noite e foi o mais consistente do primeiro dia de programação do festival. É aliás improvável, até por importância histórica, que seja superado pelo da caribenha Rihanna, que fecha a primeira noite na sequência.
Por consistente entenda-se uma apresentação com base em um conjunto de canções marcantes, algumas com quatro décadas, que se agregaram à história da música pop. E conduzida por uma performance firme, de um artista experiente que se fez acompanhar por uma banda que, se não se pode chamar de virtuose, também não se pode acusar de ficar aquém da excelência do cantor.
Elton John, que esteve outras quatro vezes no Brasil, abriu o show com Saturday Night’s Alright (For Fighting). A essa canção se juntaram pérolas da sua discografia como Levon, Tiny Dancer, Rocket Man, Honky Cat, Daniel e Crocodile Rock. E é compreensível que a voz do cantor já não alcance os timbres de outrora, a maioria delas cantada agora em bons tons abaixo das gravações originais.
O público majoritariamente jovem — muito jovem — apreciou o show, digamos de maneira, digamos, mais contemplativa. Cantou pouco, demonstrando menos entusiasmo que nos números anteriores. Um sintoma geracional. Tanto que, entre os mais experientes — poucos, bem poucos — a reação era inversa. Ao fim do show, quando geralmente o cantor retorna ao palco para cantar Your Song, em alguns pontos era possível ouvir gritos chamando por Rihanna.
Do que se conclui que colocar Elton John entre ídolos teen — além de Rihanna, a ninfeta Katy Perry — e uma cantora de axé — Claudia Leitte — não foi a escolha mais acertada da organização do festival.