Uma cena dos créditos finais de Toy Story 2 (1999) foi removida pela Disney no relançamento da versão blu-ray do longa. O trecho em questão faz parte dos “erros de gravação” do filme e mostrava o personagem Pete Fedido assediando duas bonecas Barbie. “Então vocês duas são absolutamente idênticas?”, pergunta o personagem. “Sabe, eu vou arrumar um papel para vocês em Toy Story 3“, completa, antes de pegar na mão de uma das bonecas.
Ao “perceber” que está sendo gravado, o boneco muda de posição e tenta consertar sua fala. “Meninas, foi ótimo conversar com vocês. Sempre que quiserem mais dicas, terei o prazer em ajudar, tudo bem? Podem ir agora”, emenda. O corte da cena foi notado por fãs em fóruns online, como o Reddit, em junho.
#MeToo
O movimento #MeToo trouxe à tona inúmeras denúncias de produtores que usavam sua influência para assediar atrizes prometendo papéis em troca. Um dos casos mais conhecidos é o de Harvey Weinstein, co-fundador da produtora Miramax, que enfrenta acusações de assédio e estupro por parte de várias atrizes.
Mas não é preciso ir muito longe para ver o problema: John Lasseter, o diretor de Toy Story 2, se desligou da Disney-Pixar em 2018 após ser acusado de assédio por funcionárias. Segundo a revista The Hollywood Reporter, Lasseter era conhecido por “agarrar, beijar e fazer comentários impróprios sobre aparência física”.
Novos tempos
Esta não é a primeira vez que a Disney procura consertar algum ponto que poderia causar polêmica em seus filmes antigos. Na nova versão de Dumbo (2019), dirigido por Tim Burton, a cena na qual o pequeno elefante se encontra com um bando de corvos foi cortada após ter sido apontado que os animais eram uma representação estereotipada da população negra.
Já no futuro remake de A Dama e o Vagabundo (1955), o estúdio decidiu alterar a letra da música A Canção dos Gatos Siameses, considerada xenófoba, já que os próprios gatos admitem ser imigrantes. “Viemos do Sião há três meses/ E nos chamam de siameses/ Essa é a nova casa onde vamos ficar”, cantam na versão brasileira. Além disso, os gatos Si e Am, intérpretes da faixa, são retratados com os olhos muito puxados e com dificuldades de pronúncia. Na nova versão, no entanto, os gatos não serão da raça siamesa, que é originária da Tailândia, antes conhecida como Sião.